I SÉRIE — NÚMERO 101
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Protestos do BE.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Foram vocês que reconduziram o Carlos Costa!
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel
Tiago, do PCP.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Acabámos de ouvir
um Deputado do PSD dizer que é necessário responsabilizar o supervisor, caso tenha havido falhas.
Sr. Deputado, neste caso específico dos lesados, relembro que o supervisor determinou a constituição de
uma provisão de 700 e tal milhões de euros, que seria suficiente para pagar o papel comercial a todos os lesados.
Mas porque o seu Governo andou a mentir e andou a dizer que bastariam 4,9 mil milhões de euros para resolver
o BES — mas, afinal, era preciso muito mais —, o Banco de Portugal foi usar essa provisão para capitalizar o
Banco que não tinha capital necessário e consumiu a provisão que era destas pessoas, ou melhor, que deveria
ter sido para estas pessoas.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Bem lembrado!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Aí está um grande erro do supervisor, uma grande mentira do seu Governo.
Responsabilizem-se!
Aplausos do PCP.
Responsabilize-se o supervisor e responsabilize-se o Governo do PSD e do CDS, que andou a brincar e a
mentir, a esconder problemas e a permitir que, ao mesmo tempo que se penalizavam estas pessoas que foram
enganadas pelos banqueiros, os banqueiros levassem para fora do País toda a riqueza que tinham roubado às
pessoas.
Aplausos do PCP.
Sr. Deputado Duarte Pacheco, o PCP propôs desde o primeiro momento, relembro-o, que fossem congelados
os bens, o património do Espírito Santo e dos grandes acionistas do BES e do GES. Propôs que fosse
nacionalizada a Espírito Santo Saúde, que fossem identificados os beneficiários das transferências que lesaram
o BES e a ESI. Mas tudo isso mereceu o voto contra do PS, do PSD e do CDS.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Essa última falsa é completamente falsa!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Este problema que temos agora não tem contrapartidas privadas por parte
daqueles que roubaram o dinheiro, precisamente porque esses partidos não quiseram pôr-lhes a mão e
permitiram que elas pudessem andar a ser pulverizadas e deixassem de poder ser nacionalizadas.
Há ainda riqueza, há ainda património, haverá, certamente, contas com muito dinheiro em offshore, porque
este dinheiro não desapareceu; e há o BES Art&Finança, há a Herdade da Comporta, há património imóvel, em
Portugal e no estrangeiro.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Nacionalize-se esse património e aí sim, ative-se a garantia necessária para
pagar as despesas que o BES e os seus banqueiros andaram a fazer à custa das pessoas que estão a assistir
ao debate nas galerias e de muitas outras, porque todos os portugueses acabaram por pagar. Os lesados do