I SÉRIE — NÚMERO 103
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O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Minhas senhoras e meus senhores, morreram 64 pessoas e há mais de
200, nossos concidadãos, que estão feridos e que não sabemos ainda o que lhes vai acontecer. Isto nunca
aconteceu até hoje! Temos obrigação de dizer ao povo português o que é que falhou, mas temos uma obrigação
maior, que é a de tranquilizar o povo português, de lhe devolver a confiança para que, nas aldeias por este País
fora, os idosos que estão em casas isoladas, as crianças que brincam na rua ou as famílias que vão de férias
para as suas terras possam ter um verão descansado, possam ter um verão confiante, sabendo que o Estado
vai lá estar se este fenómeno dos incêndios voltar a repetir-se à sua porta.
Aplausos do PSD.
É isso que motiva este debate.
Nós sabemos, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, que, objetivamente, houve uma grande
descoordenação. Ainda agora entidades públicas se contradizem umas às outras. Sabemos disto, sabemos que
os serviços de saúde não conseguiram dar a resposta que era necessária, ou não sabemos?
O Sr. Deputado João Oliveira teve o desplante de imputar ao Governo anterior a falta de meios e a sua
coordenação. Não brinquemos com coisas sérias. Hoje há um Governo que tem de assumir responsabilidades
e há grupos parlamentares que também têm de assumir as suas responsabilidades.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Pedro Pimpão (PSD): — Claro! Mais nada! Proponham alterações, proponham o reforço de meios!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Srs. Deputados, cada um escolhe as matérias às quais quer dedicar
prioridade e preferência.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Miséria política!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Sr. Deputado João Oliveira, não lhe admito que diga que isto é miséria
política. Sabe porquê? Eu imagino o que os senhores diriam se estivéssemos na situação contrária, hoje.
Imagino aquilo que o senhor diria!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Teresa Morais (PSD) — Já teriam pedido a demissão do Governo todo!
Protestos do PCP.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Eu já cá estava em 2003, quando aqui viemos fazer uma reunião plenária
a meio de agosto, como cá estive em 2005, em 2006 e em 2014, e sempre, do lado do PSD, quisemos dar
responsabilidade, sobriedade e serenidade a um debate tão melindroso e tão sensível como este.
Vozes do PCP: — Oh…!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Mas cada um escolhe o que é prioritário na sua ação política. Eu respeito,
embora não compreenda, que os senhores queiram estar agora concentrados na reforma da floresta, mas há
uma coisa que os senhores também têm de ter, que é respeito pela nossa escolha e a nossa escolha hoje é não
silenciar, a nossa escolha hoje é dar tranquilidade, é instar o Governo.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — O Governo não está numa situação confortável e sabemos disso, Sr.ª
Ministra, Srs. Secretários de Estado, mas impõe-se que haja decisões, impõe-se que haja respostas, impõe-se