1 DE JULHO DE 2017
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Também, por isso, o mundo rural está cada vez mais pobre, porque está dependente das celuloses e estas
perdem o interesse nas terras ao fim de três cortes, mais ou menos 25 anos, abandonando o território e deixando
os eucaliptos a servir de pasto para as chamas. As pessoas, na sua maioria idosas, sem saúde física nem meios
económicos para fazerem a limpeza dos terrenos, ficam à mercê do abandono das celuloses, mas também ficam
à mercê dos incêndios.
Foi este o resultado das opções políticas erradas que, durante décadas, foram assumidas pelos governos e
que provocaram consequências graves tanto do ponto de vista social como do ponto de vista ambiental.
Ao nível social, as políticas que promoveram a plantação do eucalipto levaram ao aumento do número de
incêndios e favoreceram a sua dimensão, sendo cada vez maior o seu impacto sobre as populações que
começam até a ter receio de continuar a viver nessas zonas.
Acresce ainda que a monocultura do eucalipto não gera emprego no mundo rural, como outras espécies
florestais; é uma espécie que, desde a sua origem, não precisa de meios e que conheceu uma mecanização
muito rápida, sendo que, por exemplo, no seu processo de extração uma única pessoa com uma máquina de
arranque é suficiente, é o quanto baste!
As consequências ao nível ambiental são devastadoras. De facto, o eucalipto é uma espécie inimiga da
biodiversidade, é egoísta, sovina, seca tudo à sua volta e não é resiliente ao fogo, como as outras espécies.
Para terminar, gostaria de dizer que o reconhecimento dos problemas da nossa floresta e do mundo rural
não chega! É pouco; é preciso mais!
Por isso mesmo, Os Verdes vão continuar a lutar não só para travar, e até diminuir, a expansão da área de
eucalipto no nosso País, como também para procurar formas de potenciar a plantação de espécies autóctones,
nomeadamente criando incentivos para a plantação de espécies como o montado de sobro e de azinho.
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
Entretanto, reassumiu a presidência o Presidente, Ferro Rodrigues.
O Sr. Presidente: — Para encerrar o debate, em nome do Governo, tem a palavra o Sr. Ministro Adjunto,
Eduardo Cabrita.
Tem a palavra, Sr. Ministro.
O Sr. Ministro Adjunto (Eduardo Cabrita): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Este debate sobre o
problema do ordenamento do espaço florestal, a desertificação e o desenvolvimento no mundo rural tem inteira
oportunidade, é relevantíssimo e, por isso, saudamos o Partido Ecologista «Os Verdes» por ter tomado esta
iniciativa.
Fazemo-lo no momento em que, marcados pelo peso da tragédia de Pedrógão Grande, apurando os
momentos que vivemos, temos encontrar os caminhos para o futuro e intervir relativamente aos verdadeiros
desafios que se colocam perante todos nós: o ordenamento da floresta como espaço de desenvolvimento; a
valorização do território do interior; a gestão envolvendo as populações numa dimensão de subsidiariedade e
de descentralização que valorize os espaços do interior e que combata a perda de população.
Saudamos, por isso, todos os grupos parlamentares que contribuíram neste debate com propostas
construtivas que apreciaremos com toda a atenção.
Saudamos, sem qualquer dúvida, aqueles que apostam em que se encontrem as soluções em torno das
propostas do Governo para a reforma da floresta.
Trabalhámos nesse tema desde o primeiro dia, apresentámos há quase um ano um conjunto vasto de
propostas que estiveram em debate público, valorizamos todos aqueles que aqui trouxeram contributos: o Bloco
de Esquerda, que apresentou um conjunto amplo de propostas concretas, e o PCP, que também aqui enfatizou
o papel fundamental da política de desenvolvimento regional e da valorização dos serviços públicos nos espaços
de interioridade.
Ao CDS não temos qualquer dúvida em dizer, Sr.as e Srs. Deputados, que não temos uma visão que nos
obrigue a estar sempre a voltar, porque não voltaremos, a 1975, a 2005 ou a 2011. O tempo que temos de
construir é um tempo de futuro e, por isso, avaliaremos tudo aquilo que de bom e de mau foi feito ao longo dos
tempos para que melhor se faça no futuro.