O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

1 DE JULHO DE 2017

37

Também, por isso, o mundo rural está cada vez mais pobre, porque está dependente das celuloses e estas

perdem o interesse nas terras ao fim de três cortes, mais ou menos 25 anos, abandonando o território e deixando

os eucaliptos a servir de pasto para as chamas. As pessoas, na sua maioria idosas, sem saúde física nem meios

económicos para fazerem a limpeza dos terrenos, ficam à mercê do abandono das celuloses, mas também ficam

à mercê dos incêndios.

Foi este o resultado das opções políticas erradas que, durante décadas, foram assumidas pelos governos e

que provocaram consequências graves tanto do ponto de vista social como do ponto de vista ambiental.

Ao nível social, as políticas que promoveram a plantação do eucalipto levaram ao aumento do número de

incêndios e favoreceram a sua dimensão, sendo cada vez maior o seu impacto sobre as populações que

começam até a ter receio de continuar a viver nessas zonas.

Acresce ainda que a monocultura do eucalipto não gera emprego no mundo rural, como outras espécies

florestais; é uma espécie que, desde a sua origem, não precisa de meios e que conheceu uma mecanização

muito rápida, sendo que, por exemplo, no seu processo de extração uma única pessoa com uma máquina de

arranque é suficiente, é o quanto baste!

As consequências ao nível ambiental são devastadoras. De facto, o eucalipto é uma espécie inimiga da

biodiversidade, é egoísta, sovina, seca tudo à sua volta e não é resiliente ao fogo, como as outras espécies.

Para terminar, gostaria de dizer que o reconhecimento dos problemas da nossa floresta e do mundo rural

não chega! É pouco; é preciso mais!

Por isso mesmo, Os Verdes vão continuar a lutar não só para travar, e até diminuir, a expansão da área de

eucalipto no nosso País, como também para procurar formas de potenciar a plantação de espécies autóctones,

nomeadamente criando incentivos para a plantação de espécies como o montado de sobro e de azinho.

Aplausos de Os Verdes e do PCP.

Entretanto, reassumiu a presidência o Presidente, Ferro Rodrigues.

O Sr. Presidente: — Para encerrar o debate, em nome do Governo, tem a palavra o Sr. Ministro Adjunto,

Eduardo Cabrita.

Tem a palavra, Sr. Ministro.

O Sr. Ministro Adjunto (Eduardo Cabrita): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Este debate sobre o

problema do ordenamento do espaço florestal, a desertificação e o desenvolvimento no mundo rural tem inteira

oportunidade, é relevantíssimo e, por isso, saudamos o Partido Ecologista «Os Verdes» por ter tomado esta

iniciativa.

Fazemo-lo no momento em que, marcados pelo peso da tragédia de Pedrógão Grande, apurando os

momentos que vivemos, temos encontrar os caminhos para o futuro e intervir relativamente aos verdadeiros

desafios que se colocam perante todos nós: o ordenamento da floresta como espaço de desenvolvimento; a

valorização do território do interior; a gestão envolvendo as populações numa dimensão de subsidiariedade e

de descentralização que valorize os espaços do interior e que combata a perda de população.

Saudamos, por isso, todos os grupos parlamentares que contribuíram neste debate com propostas

construtivas que apreciaremos com toda a atenção.

Saudamos, sem qualquer dúvida, aqueles que apostam em que se encontrem as soluções em torno das

propostas do Governo para a reforma da floresta.

Trabalhámos nesse tema desde o primeiro dia, apresentámos há quase um ano um conjunto vasto de

propostas que estiveram em debate público, valorizamos todos aqueles que aqui trouxeram contributos: o Bloco

de Esquerda, que apresentou um conjunto amplo de propostas concretas, e o PCP, que também aqui enfatizou

o papel fundamental da política de desenvolvimento regional e da valorização dos serviços públicos nos espaços

de interioridade.

Ao CDS não temos qualquer dúvida em dizer, Sr.as e Srs. Deputados, que não temos uma visão que nos

obrigue a estar sempre a voltar, porque não voltaremos, a 1975, a 2005 ou a 2011. O tempo que temos de

construir é um tempo de futuro e, por isso, avaliaremos tudo aquilo que de bom e de mau foi feito ao longo dos

tempos para que melhor se faça no futuro.