7 DE JULHO DE 2017
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Este projeto tem como objetivo levar as pessoas a acreditar que estão a ser atribuídos novos direitos àqueles
que se encontram em situação de doença avançada e em fim de vida, não resultando, todavia, do mesmo
qualquer medida que seja inovadora.
O agendamento do CDS serve para reafirmar o óbvio e tentar condicionar o debate em torno da
despenalização da morte medicamente assistida. Trata-se, apenas, de um modo do CDS trazer o tema, no
cumprimento de uma agenda ideológica castradora, sem acrescentar nada de novo, com o objetivo de perturbar
o debate que se está a fazer em torno deste tema.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Muito bem!
O Sr. André Silva (PAN): — Sem prejuízo destas considerações, o PAN concorda com todas as medidas
propostas pelo CDS.
Tal como o CDS defende na sua exposição de motivos, também defendemos e promovemos a dignidade
humana, também defendemos que o ser humano tem direito a não estar em sofrimento, também defendemos o
acesso aos cuidados paliativos, qualquer que seja o prognóstico estimado enquanto direito inalienável dos
portugueses, e lutamos pela salvaguarda de todos os cidadãos, garantindo os seus direitos na fase final das
suas vidas.
Aquilo que também defendemos, Sr.ª Deputada, para além dos direitos elencados pelo CDS, é o acesso à
morte medicamente assistida, opção legitima daqueles que sofrem, enquanto expressão de autonomia e
liberdade individual.
Sr.ª Deputada Isabel Galriça Neto, gostaria de lhe colocar a seguinte questão: o CDS acredita mesmo que,
por repetir propostas com direitos já previstos, vai melhorar e reforçar os direitos das pessoas em fim de vida?
E, para além da sedação paliativa, que defende, está ou não está na altura de o Estado ter uma resposta
alternativa e digna para aqueles que sofrem?
Aplausos do PS e do BE.
Protestos da Deputada do CDS-PP Isabel Galriça Neto.
O Sr. Presidente: — Para os últimos pedidos de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado João Ramos,
do Grupo Parlamentar do PCP.
O Sr. João Ramos (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Isabel Galriça Neto, o PCP fará
uma intervenção onde abordará o tema que o CDS aqui, hoje, nos traz e, por isso, eu queria focar-me na
intervenção da Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Deputada fez uma intervenção centrada na questão dos cuidados paliativos, dando grande ênfase à
questão da dignidade das pessoas. Disse mesmo que são matérias de grande relevância para o CDS e que há
muito mobilizavam este partido.
Antes de lhe colocar a minha questão, queria começar por uma afirmação. Disse que os direitos das pessoas
eram muito importantes para o CDS, mas a Sr.ª Deputada esqueceu-se deles enquanto governava, esqueceu-
se das famílias e da respetiva dignidade de vida. Lembrou-se de reduzir o défice do País à custa dos rendimentos
e dos direitos das famílias. Esqueceu-se, até, do visto familiar, que era tão caro ao CDS.
A Sr.ª Deputada pode falar agora em dignidade da pessoa, mas o que tem por detrás de si e do seu partido
é um historial de ataque aos direitos e à dignidade das pessoas.
Gostava de lhe colocar a seguinte questão: em 2012, foi aprovada, por unanimidade, a Lei de Bases dos
Cuidados Paliativos, com base e a partir de um projeto do CDS que foi, entretanto, discutido com um conjunto
de projetos mais alargados. E, por isso,…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Ao menos o CDS fez alguma coisa!
O Sr. João Ramos (PCP): — … é a partir desta discussão e desta iniciativa que gostaria de falar naquilo
que há muito mobiliza o CDS.