I SÉRIE — NÚMERO 108
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anterior e que foi baseado num modelo assente em exportações e investimento privado, coisas em que os
senhores nunca acreditaram, não foi invertido, apesar das vossas opções. E mais: uma nova secretaria de
Estado.
Se a gestão das pastas de soberania foi desastrosa não ficamos por aí, porque essas são graves, pois
protegem os portugueses, como é evidente, mas, para um Governo que vinha para mudar tudo e que,
comparado com um Governo que teve de reduzir o défice de 11% para 3%, como o fez o Governo anterior,
agora, tem mais um ponto percentual, e só um ponto percentual, a apresentar. E à custa de quê? Eu digo-vos:
à custa de cortes na despesa, de cativações, e cativações de bolso. com um impacto direto e imediato na
situação social e na vida dos portugueses.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Logo à partida, na saúde, onde os 80 milhões de euros de cativações
conduziram à falta de recursos humanos, a uma dívida galopante nos hospitais, ao adiamento de cirurgias, à
falta de anestesistas, à rutura de stocks de medicamentos e, por vezes, à falta do material mais básico e mais
essencial, isto perante o descontentamento dos profissionais; na justiça, onde o descontentamento dos
profissionais já vai numa absurda ameaça de greve dos magistrados — é uma vergonha!; na educação, onde
os 43 milhões de euros de cativações resultaram no fecho de escolas por falta de funcionários, nos atrasos de
pagamentos da ação social e dos manuais escolares às famílias dos alunos e em crianças sem colocação na
pré-primária. Tudo isto é o retrato de um Governo que falhou.
Protestos do PS.
Os senhores eram o Governo que vinha para repor investimento público e não só falharam como têm o
investimento público mais baixo de sempre!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Tudo isto passa-se, obviamente, com a conivência silenciosa dos partidos
à esquerda que apoiam o Governo.
As cativações, quase 1000 milhões de euros, são o dobro das do Governo anterior. E o que fazem o PCP e
o Bloco? Aprovam em novembro, denunciam em julho.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Mais: numa semana, à segunda queixam-se ao eleitorado, à quarta já
estão mais calados, e à sexta votam tudo o que lhes puserem à frente para votar sem discutirem nem quererem
saber do gosto ou do sabor.
Aplausos do CDS-PP e de Deputados do PSD.
Sr. Primeiro-Ministro, o senhor foi classificado – e eu lembro-me de ter usado essa expressão, aqui, num
debate no passado – como sendo «o grande ilusionista». O seu problema, Sr. Primeiro-Ministro, é que a ilusão
está a acabar. O truque foi descoberto e já toda a gente percebeu qual é. A Nação exige a verdade. O truque
chama-se cativações — austeridade encapotada — e só mesmo os seus partenaires do PCP e do Bloco
continuam a fingir-se maravilhados com esse truque.
Aplausos do CDS-PP e de Deputados do PSD.
O que esta crise expôs, sobretudo, foi a incapacidade de decisão e de liderança de um Primeiro-Ministro que,
quer queira quer não, terá de tomar decisões no futuro, porque já todos percebemos que a fragilidade deste
Governo é absolutamente evidente.