I SÉRIE — NÚMERO 108
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O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e
Srs. Deputados: Ao avaliar o estado da Nação convém delimitarmos exatamente o que estamos a falar.
Esta Nação, o nosso povo, é uma Nação antiga que, ao longo da sua história, foi sobrevivendo a quase tudo,
incluindo a bancarrota a que o Governo do Partido Socialista nos votou em 2011.
Protestos do PS.
A Nação, essa, está, como sempre, resiliente e determinada, ainda que, naturalmente, os portugueses olhem
apreensivos e atónitos para os acontecimentos das últimas semanas e dos últimos dias.
A maioria preferia, seguramente, que este debate se centrasse, exclusivamente, no contentamento dos
setores corporativos que suportam a geringonça, mas, Sr.as e Srs. Deputados, estamos em democracia e isto é
política.
E o que nos dizem esses acontecimentos? A tragédia de Pedrógão Grande e a humilhação de Tancos podem
não revelar muito sobre o estado da Nação, mas dizem tudo sobre o triste e lamentável estado da governação.
Aplausos do CDS-PP.
Ao fim de 20 meses é claro e é uma evidência que o Governo falhou e está a falhar todos os dias sem apelo,
nem agravo.
Sejamos claros: a questão que vos trago não é tanto da tragédia em si ou das suas causas, que a comissão
independente averiguará, nem mesmo das falhas gritantes do sistema de proteção civil que o Governo, ao fim
de quase dois anos de mandato, não reparou nem melhorou; daquilo de que vos estou a falar é de um Governo,
normalmente tão dado às questões de imagens, dar um espetáculo de total descoordenação, de ausência de
autoridade e de incapacidade absoluta de comando, de o SIRESP a culpar a proteção civil e vice-versa e da
GNR indignada com as referências aos seus homens que estavam no terreno, isolados e sem comunicações.
Aplausos do CDS-PP.
O espetáculo dos organismos independentes do MAI (Ministério da Administração Interna) numa guerra
aberta de passa-culpas com uma Ministra visivelmente fragilizada, incapaz de pôr ordem na casa, entregue a si
própria, enquanto o Sr. Primeiro-Ministro fazia as malas e partia.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — As falhas neste Ministério não eram, de resto, uma novidade, desde as
falhas de segurança no aeroporto, ao desaparecimento de 57 pistolas da PSP, e, para terminar, o Governo
solicita um parecer técnico e independente para se vir a descobrir que, afinal, o parecer foi solicitado a quem
tinha assessorado o contrato desde o seu início.
O mesmo se diga de Tancos e de um dos maiores roubos de armamento em solo europeu neste século,
causando um dano incomensurável na imagem externa do nosso País. Também aqui, mais do que o absurdo
da falha de segurança naquilo que, por natureza, deveria ser o mais guardado, um paiol de um quartel militar, o
mais grave foi a sucessão de inabilidades, que começaram por desvalorizar, a seguir fizeram considerações
sobre terrorismo e, por último, houve, também aqui, uma inaceitável tentativa de passa-culpas por parte do
responsável político.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Se governar é prever, as consequências deste comportamento
governamental eram óbvias: demissões, anúncios de deposição de espadas, o que é gravíssimo, contradições