I SÉRIE — NÚMERO 109
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O Grupo Parlamentar do PS entende que Portugal fez, na educação inclusiva, nos 43 anos de democracia,
um notável percurso no que à integração/inclusão de crianças e jovens com deficiência no nosso sistema
educativo diz respeito. Reconhece, contudo, que no âmbito da inclusão de estudantes, docentes e não docentes
e investigadores, com necessidade educativas especiais no ensino superior esse percurso carece ainda de
trabalho conjunto na definição de estratégias que promovam o acesso e a verdadeira inclusão de cidadãos com
necessidades educativas especiais em todo o plano do ensino superior.
O Programa do XXI Governo Constitucional coloca a promoção da acessibilidade dos cidadãos com
Necessidades Educativas Especiais ao Ensino Superior e ao Conhecimento como um objetivo primordial, por
considerar este um meio para o exercício imprescindível para o exercício dos direitos que são conferidos a
qualquer membro de uma sociedade democrática e inclusiva.
Foi mesmo criado pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior em articulação com a
Direção-Geral do Ensino Superior (DGES) e a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) o programa
designado Inclusão para o Conhecimento, que visa promover a existência das condições adequadas à inclusão
de pessoas com necessidades educativas especiais em termos de formação, desempenho de atividades
docentes e de investigação, de participação ativa na vida académica, social, desportiva e cultural e acesso geral
ao conhecimento no contexto das instituições de ensino superior e do Sistema Científico e Tecnológico Nacional.
O Grupo Parlamentar do PS reconhece que, estando em curso, nomeadamente em discussão pública, o
novo regime legal que permitirá alterar ou até mesmo revogar o Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro, e
considerando o conjunto de iniciativas recentemente aprovadas pelos grupos parlamentares sobre
recomendações várias ao Governo acerca de necessidades educativas especiais no ensino superior, motivos
pelos quais não pode acompanhar este projeto.
As Deputadas e os Deputados do GPPS, Sandra Pontedeira — Porfírio Silva — Susana Amador.
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O Grupo Parlamentar do PCP absteve-se nesta iniciativa legislativa, que altera o Decreto-Lei n.º 3/2008, de
7 de janeiro, não por não estar de acordo com a proposta concreta apresentada pelo PAN (estamos, obviamente,
de acordo em que o regime da educação especial seja alargado ao ensino superior) mas, sim, por reservas
profundas que o PCP tem em relação a este mesmo Decreto-Lei.
Na opinião do PCP, o Decreto-Lei n.º 3/2008, que passou a preconizar como destinatários dos apoios
especializados somente os alunos com necessidades especiais de carácter permanente e por referência a uma
Classificação Internacional de Funcionalidade e Saúde (CIF), introduziu critérios que têm vindo a excluir milhares
de crianças e jovens dos apoios que necessitam e, com isto, reduzir o investimento público em educação. O
PCP entende que este Decreto-Lei sustenta uma rede de ambientes segregados em detrimento de uma resposta
inclusiva e centrada no aluno.
Defendendo uma escola pública, gratuita, de qualidade e inclusiva, que atenda às necessidades e
especificidades de todos e de cada um (o que exige meios humanos, técnicos, materiais e pedagógicos
adequados, instrumentos de intervenção que respondam às necessidades identificadas e o respetivo
investimento), o PCP entende que este Decreto-Lei não promove uma escola inclusiva.
O PCP tem uma proposta concreta, o regime jurídico de educação especial, iniciativa legislativa já entregue na
Assembleia da República, que prevê uma solução integrada para as crianças e jovens com necessidades especiais
desde a infância até ao ensino superior, que, por exemplo, prevê, a adaptação e adequação dos espaços,
equipamentos e materiais necessários, que define condições de avaliação e adequações curriculares e que cria
departamentos de educação especial nas escolas e um gabinete de apoio à inclusão no ensino superior.
Considerando a proposta que o PCP tem e as profundas reservas em relação ao Decreto-Lei sobre o qual
incide a alteração proposta pelo PAN, o PCP absteve-se nesta votação.
A Deputada do PCP, Diana Ferreira.
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