I SÉRIE — NÚMERO 109
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O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem, agora, a palavra a Sr.ª Deputada Patrícia Fonseca.
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Queria começar por saudar os
5700 peticionários aqui presentes, e também o Sr. Presidente da Câmara.
O CDS acompanha as preocupações que são manifestadas nesta petição, que são também as nossas
preocupações. Infelizmente, os problemas de poluição, em particular no Tejo, no rio Almonda e nos seus
afluentes, têm vindo a agravar-se nos últimos anos e todas as medidas que têm sido implementadas e todas as
ações que têm sido desenvolvidas se têm revelado insuficientes, não obstante o enorme empenhamento quer
do poder político, nomeadamente da Assembleia da República, com um conjunto vasto de resoluções já aqui
aprovadas, quer da sociedade civil, que muito tem contribuído para denunciar os problemas que existem.
Os peticionários exigem, e bem, que seja salvaguardado o ambiente e a qualidade de vida das populações
mas reconhecem também, e bem, a importância da atividade económica para o desenvolvimento da região.
Assim, o CDS entende que, de facto, é essencial identificar os infratores, alguns deles conhecidos e até já
aqui mencionados e outros, porventura, ainda não conhecidos, porque é necessário que sejam todos
identificados.
É também necessário aplicar medidas punitivas sérias e efetivas, que sejam realmente dissuasoras da
prevaricação dos infratores.
É ainda necessário reforçar a fiscalização, para que não voltem a repetir-se episódios de poluição.
Entendemos que não se deve diabolizar esta ou aquela empresa, porque não é apenas uma — e não quero,
com isto, deixar de relevar os problemas que estão identificados com esta empresa —, razão pela qual devem
ser identificados todos os poluidores e devem punir-se todos os infratores.
O que é fundamental é, efetivamente, resolver os problemas da poluição, despoluir a ribeira e permitir que a
atividade económica seja sustentável e possa coexistir.
Aliás, deixo, para terminar, uma última nota de um estudo da Faculdade de Ciências de Lisboa, que foi aqui
deixado pelos peticionários, que é claro a identificar indícios de múltiplas outras fontes poluentes, provavelmente
até, segundo o estudo, muito mais influentes na degradação dos cursos de água do que as da empresa em
causa.
Por fim, quero apenas dizer que foi solicitada ao Sr. Ministro do Ambiente, em janeiro deste ano, informação
que fosse considerada relevante para a análise desta problemática, mas, infelizmente, não chegou à Assembleia
da República, ou, pelo menos, não está no sistema, qualquer tipo de documentação, o que nos parece que
denota alguma falta de atuação e empenhamento da parte do Governo.
Nesse sentido, o CDS apresenta este projeto de resolução, que recomenda ao Governo as medidas
necessárias à efetiva e urgente despoluição da Ribeira da Boa Água.
Aplausos do CDS-PP e do Deputado do PSD Duarte Filipe Marques.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente José Manuel Pureza.
O Sr. Presidente: — Sr.as e Srs. Deputados, antes de mais, muito boa tarde.
Tem, agora, a palavra o Sr. Deputado André Silva.
O Sr. André Silva (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Peticionários: A Ribeira da Boa
Água, um afluente do rio Almonda, corresponde a um dos recursos hídricos mais poluídos em Portugal.
São várias as notícias e os factos que atestam o longo historial de indícios claros de poluição nesta Ribeira,
onde se encontra patente o seu estado absolutamente deplorável.
Esta contínua poluição tem uma origem clara e inquestionável: a indústria dos óleos alimentares que deposita
os seus efluentes no leito da Ribeira, nomeadamente óleos, gorduras e outros contaminantes.
Isto mesmo é atestado pelos vários processos contraordenacionais contra a empresa prevaricadora. É o
próprio Ministério do Ambiente a referir que esta empresa de óleos alimentares tem um longo registo de