I SÉRIE — NÚMERO 109
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É preciso perguntar o que é que a Câmara Municipal fez ou pode fazer, o que é que o Governo pode fazer e
já devia ter feito e o que é que as empresas estão dispostas ou têm obrigação de fazer. Não é tempo para
demagogia, é tempo para resolver este problema!
Sr.as e Srs. Deputados, não há outra oportunidade para reunir este consenso, para pôr fim, de uma só vez, à
poluição nesta ribeira e nos rios de que ela é afluente. As pessoas que lá vivem têm problemas de saúde, a
agricultura, os animais, a fauna e a flora têm problemas também por causa disto e nenhum investimento
económico se pode sobrepor ao ambiente.
É tempo de agir com coragem e não nos escondamos atrás da Câmara, atrás do Governo, atrás da Agência
ou atrás da empresa a ou b. É tempo de cada um assumir a sua responsabilidade e dar voz àquelas pessoas
que ali estão, que, anonimamente, têm, ao longo dos anos, batalhado contra este problema. É hora de esta
Assembleia lhes dar uma resposta.
Ao Governo exige-se, imediatamente, que perceba quais as fontes poluidoras, que tome decisões concretas
e, sobretudo,…
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Duarte Filipe Marques (PSD): — … que ajude aquela Câmara Municipal, as associações privadas de
solidariedade social e as empresas privadas a recuperar o caminho do respeito pelo ambiente, porque parece
que muitas já o perderam e não têm respeito nem pelas pessoas, nem pelos animais, nem pela natureza.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para apresentar o projeto de resolução do PS, tem a palavra
o Sr. Deputado Hugo Costa.
O Sr. Hugo Costa (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: As primeiras palavras do Grupo
Parlamentar do Partido Socialista são para cumprimentar os cerca de 5700 peticionários que subscreveram esta
petição, muitos deles aqui presentes.
Queria cumprimentar também os senhores autarcas, na pessoa do Sr. Presidente da Câmara Municipal,
Pedro Ferreira.
A participação das comunidades nas tomadas de decisão é crucial. A vossa causa, a defesa do ambiente na
região, é a causa de todos, como é visível nas propostas apresentadas por todos os partidos e grupos
parlamentares.
É necessário identificar os agentes poluidores. É necessário punir os infratores e ajudar a procurar soluções
para estes mesmos problemas. É necessário garantir medidas que visem a efetiva e total despoluição da
denominada «ribeira da Boa Água».
A ribeira da Boa Água, ao contrário do que o seu nome indica, apresenta evidentes e preocupantes focos de
poluição e mau cheiro. Todos os que lá vivem ou atravessam a região conhecem a situação, que tem vindo a
agravar-se.
A população está, e bem, preocupada, teme pela saúde dos seus filhos e dos seus netos. O alarme social é
uma realidade no concelho de Torres Novas, tal como a preocupação com o ambiente, com a economia, com o
futuro e com a saúde pública.
As gestões públicas devem pugnar pela saúde, pela qualidade de vida de todos e pela sustentabilidade dos
territórios. É essa a nossa obrigação aqui, no Parlamento.
O recurso hídrico em causa é um afluente do rio Almonda que, por sua vez, é um afluente do rio Tejo, tantas
vezes já debatido nesta Casa. É precisamente na importante confluência destes dois rios, Almonda com o Tejo,
que se encontra a Reserva Natural do Paul do Boquilobo, Reserva Natural da Biosfera pela UNESCO, situando-
se a poucos quilómetros da denominada ribeira da Boa Água.
O Paul do Boquilobo foi considerado pelo prémio nobel da literatura, José Saramago, originário da região,
como um lago, um pântano, um alverca que o criador das paisagens se tinha esquecido de levar para o paraíso.