20 DE JULHO DE 2017
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de assinar um projeto quem durante toda a vida trabalhou num quadro legal em que o podia fazer. Estávamos,
na altura, a falar dos ATAE (agentes técnicos de arquitetura e engenharia).
Poderia ter sido dada uma resposta concreta aos problemas identificados neste âmbito, quer para os agentes
técnicos de arquitetura e engenharia, quer para os engenheiros civis em causa, mas foi inviabilizada, na altura,
por opção política do PSD, do PS e do CDS-PP.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, esta discussão não pode ser vista como uma guerra de trincheiras entre
interesses opostos, nem se pode transformar o processo legislativo num conflito corporativo, colocando grupos
profissionais e trabalhadores uns contra os outros. O PCP rejeitou esse caminho, desde o primeiro momento,
denunciando essa atitude.
Sempre reconhecemos o mérito e a justeza dos princípios afirmados na consigna «Arquitetura, um direito
dos cidadãos, um ato próprio dos arquitetos». Sempre afirmámos a nossa concordância com essa visão do
direito à arquitetura, ele próprio indissociável do direito à cidade, da sua valorização e democratização, dos
direitos à habitação e urbanismo, ao ambiente e à qualidade de vida, consagrados na Constituição, e essas
questões não podem ser lembradas apenas quando estamos a ter estas discussões sobre quem pode ou não
assinar projetos.
O PCP defende e o País precisa de um quadro legal que aponte esse caminho para o futuro, que é
unanimemente aceite. Mas o PCP não defende nem admite que se possa alargar ou eternizar este âmbito de
exceção. É necessário definir um regime que se reporte a esse grupo concreto, a essa geração definida, que
não imponha regras novas e não se alargue a outros âmbitos.
Ao contrário do PSD, que apresenta hoje uma proposta que retirou quando estava em maioria, o PCP mantém
e reafirma a sua posição de sempre.
Haja bom senso e serenidade para trabalhar em conjunto, com vista a uma legislação justa e adequada. Para
isso, contam connosco.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — A próxima intervenção é do Sr. Deputado Filipe Anacoreta
Correia, do CDS-PP.
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Cumprimento os
peticionários, bem como todos aqueles que se pronunciaram e participaram no processo de discussão desta
petição e dos projetos legislativos em questão, e cumprimento, em particular, todos os membros das ordens
profissionais aqui presentes.
Esta é uma matéria da maior importância, que tem implicação direta sobre muitas pessoas, mas também
sobre todos nós, na medida em que o que está em causa diz respeito também a todos nós e é também do
interesse público. E porque esse interesse é elevado, assistiu-se a uma participação empenhada de vários
cidadãos e, em particular, das diferentes estruturas das ordens profissionais envolvidas. Não é demais realçar
este contributo: estamos na Casa da democracia, estamos aqui como representantes do povo, mas, numa
matéria como esta, temos a obrigação de envolver todas as ordens profissionais, e foi isso que ocorreu.
Por vezes, quando a discussão é elevada importa afirmar aquilo que nos une, mais do que o que nos separa.
O CDS entende que foi um avanço importante aquele que se verificou quando o legislador estabeleceu quais os
atos de arquitetura que devem ser exercidos por arquitetos e atos de engenharia que devem ser praticados por
engenheiros.
Não queremos derrogar este avanço. Não queremos atrasar esta aspiração.
O CDS não acompanha nenhuma proposta legislativa que promova o adiamento e muito menos o
cancelamento desta exigência.
O legislador estabeleceu também um período transitório que permitiu a todos prepararem-se e qualificarem-
se para as novas exigências estabelecidas nesta matéria. Essa opção foi consensual nesta Câmara.
Sucede, porém, que a legislação portuguesa pode não ter acautelado totalmente os direitos adquiridos de
um pequeno grupo de engenheiros.