I SÉRIE — NÚMERO 4
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Ainda muito recentemente foram aprovadas resoluções, por este Parlamento, que tiveram na sua base
projetos de resolução apresentados também pelo CDS, recomendando ao Governo a realização urgente de
obras de reabilitação e de requalificação na Escola Secundária Fernão Mendes Pinto, em Almada, e na Escola
EB 2,3 El-Rei D. Manuel I, de Alcochete, sendo que parte dessas obras incidiam na remoção de todas as placas
de fibrocimento com amianto daquelas instalações.
Todos sabemos que o amianto foi um material utilizado durante muitos anos. No entanto, a partir dos anos
60, foram sendo divulgados estudos que relacionavam diretamente a exposição ao amianto e o contacto com o
mesmo ao cancro do pulmão. E, obviamente, à medida que esses estudos foram sendo lançados essa suspeita
que existia foi sendo confirmada, pelo que, desde essa altura, as autoridades deveriam ter começado a
preocupar-se não só com a utilização mas também com a remoção do amianto, onde ele já existisse.
Em Portugal, legislou-se, pela primeira vez, sobre esta matéria em 1987, a partir daí sucederam-se várias
iniciativas, como é o caso do Decreto-Lei n.º 101/2005, de 23 de junho, do Decreto-Lei n.º 46/2008, de 12 de
março, da Lei n.º 2/2011, de 9 de fevereiro, que foi aprovada por unanimidade por esta Câmara, e, mais
recentemente, da Portaria n.º 40/2014, de 17 de fevereiro, dando resposta a uma obrigação estipulada no
Decreto-Lei n.º 46/2008, de 12 de março.
Neste sentido, o anterior Governo desenvolveu diversas ações ao nível do levantamento e listagem de
edifícios públicos com amianto e efetuou diversas ações corretivas.
Nesta Legislatura, o CDS já por diversas vezes questionou o atual Ministro do Ambiente sobre o
desenvolvimento e a concretização daqueles trabalhos e, apesar de ainda não ter obtido respostas muito
concretas, nomeadamente quanto à calendarização dos trabalhos para a remoção do amianto de todos os
edifícios públicos, tivemos a promessa do Sr. Ministro do Ambiente de que esses trabalhos iriam ser concluídos
até ao ano de 2020.
Parece-nos, sinceramente, pouco para a dimensão deste problema, pois não há qualquer dúvida sobre os
perigos para a saúde pública decorrentes da exposição a este material.
No entanto, e atendendo a tudo o que acabei de referir, o CDS viabilizará todas as iniciativas hoje em
discussão porque, apesar de apresentarem medidas diferentes, têm como objetivo conseguir-se, tão depressa
quanto possível, resolver um problema que se arrasta há demasiado tempo. Esta é a nossa preocupação e,
portanto, tudo o que constitua uma solução, o mais rápida possível, terá o apoio do CDS.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Virgínia Pereira.
A Sr.ª Ana Virgínia Pereira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: É de extrema importância para
a saúde pública o assunto hoje em discussão.
É sabido que o amianto, pela sua durabilidade e resistência, foi utilizado massivamente em materiais de
construção na segunda metade do século XX, mantendo-se, ainda hoje, em muitas construções públicas e
privadas. É, no entanto, iniludível o perigo que o amianto representa para a saúde e bem-estar das pessoas que
a ele estão expostas, bem como para o ambiente.
É do conhecimento geral, comprovado pelos vastos estudos conhecidos, que a inalação constante de
partículas microscópicas desta fibra natural lançadas para o ar potencia fortemente o risco de doenças
cancerígenas, designadamente o cancro do pulmão, bem como de outras patologias.
Tendo em conta que já estará feita a identificação das instalações públicas que contêm materiais com
amianto, que já se tenha iniciado o processo da sua remoção — aliás, no cumprimento do que está plasmado
na lei —, e que há já um compromisso de que este material será removido na totalidade até ao ano 2020, os
projetos do Partido Ecologista «Os Verdes» e do PAN, na defesa dos direitos dos trabalhadores e da sua não
discriminação nas empresas privadas, designadamente nas micro, pequenas e médias empresas, propõem que
também sejam tomadas medidas para que seja eliminado o risco de amianto, salvaguardando-se as condições
de saúde e de segurança destes trabalhadores.
O PAN foca-se na identificação e remoção de produtos contendo amianto nas habitações particulares, dada
a perigosidade da presença desta fibra natural nas habitações, tendo, em muitas delas, já sido vencido o prazo