6 DE OUTUBRO DE 2017
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Assunção Cristas, recordo que a explicação que
sempre deram foi a de que o Fundo de Resolução não eram os contribuintes, eram os bancos.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — O Sr. Primeiro-Ministro é que disse isso!
O Sr. Primeiro-Ministro: — O empréstimo que o Estado faz ao Fundo de Resolução…
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Aos bancos!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … é um empréstimo que será pago pelos bancos ao Estado.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares: — Pelos bancos, não pelos contribuintes!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Portanto, não há uma garantia do Estado, há um empréstimo do Estado ao
Fundo de Resolução, que é outra entidade pública. O empréstimo será pago ao Estado pelo Fundo de
Resolução, com base nas contribuições dos bancos. Portanto, serão os bancos e não os contribuintes a pagar,
Sr.ª Deputada.
Aplausos do PS.
Protestos do Deputado do CDS-PP Nuno Magalhães.
O Sr. Presidente: — Tem de novo a palavra, Sr.ª Deputada Assunção Cristas.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, de facto, o senhor é exímio na
arte do malabarismo: começou por dizer que não havia nenhuma responsabilidade dos contribuintes, direta ou
indireta;…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Direta ou indireta!
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — … depois, no caderno de encargos, que, certamente, terá frustrado,
por exemplo, interesses de outros candidatos, não aparece nenhuma garantia sequer do Fundo de Resolução;
depois, aparece a garantia do Fundo de Resolução, claramente alterando as regras; agora, já é o Estado que
se propõe emprestar dinheiro.
E, se houver um problema de falta de pagamento desse dinheiro, afinal quem é que vai pagar?
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — O Pai Natal!
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Vão ser os contribuintes! Mas cá estaremos para ver, Sr. Primeiro-
Ministro.
Como já disponho de muito pouco tempo, tenho de passar a um outro tema.
Sr. Primeiro-Ministro, a degradação dos serviços na área da saúde é um tema de que temos falado
muitíssimas vezes neste Parlamento: é o esgotamento dos profissionais de saúde, são as expetativas frustradas
dos enfermeiros e demais profissionais, é o crescimento das listas de espera para cirurgias.
Ainda hoje, foi ouvida no Parlamento a Associação Nacional dos Cuidados Continuados (ANCC), que
denunciou situações gravíssimas de exiguidade de recursos, de mau funcionamento da rede, quando nem os
pagamentos que estão acordados — nem esses! — são pagos a tempo e horas.
Quando olhamos para o observatório mensal da dívida dos hospitais, vemos que continua a crescer a um
ritmo superior ao do ano passado, que era de 30 milhões por mês, sendo neste ano, em média, de 40 milhões.
A Comissão Europeia já está a notificar o Estado português,…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Hoje mesmo!