I SÉRIE — NÚMERO 5
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Obviamente, soluções podem ser seguramente encontradas quando existe vontade política e modelos de
organização territorial não são e não devem ser, seguramente, um obstáculo ao exercício dos direitos
fundamentais.
Temos fé e temos a crença de que os espanhóis serão capazes de encontrar esse mesmo caminho através
do diálogo, através do respeito pela democracia e através da construção de uma solução que todos nós, nesta
península que partilhamos e que queremos continuar a partilhar no mesmo contexto de paz e de prosperidade,
gostaríamos de alcançar.
Por isso mesmo, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista não deixa de sublinhar, com o voto que
apresenta, preocupação com a evolução da matéria,…
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — … mas, simultaneamente — e vou concluir, Sr. Presidente —, também
não deixa de transmitir preocupação com aquilo a que assistimos e que gostaríamos de não ter visto, mas que,
seguramente, não pode ser retirado do contexto em que teve lugar.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado João Oliveira, do Grupo
Parlamentar do PCP.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas, Srs. Deputados: Naturalmente que os
acontecimentos ocorridos na Catalunha nos últimos dias são motivo de preocupação e, da parte do PCP,
queríamos deixar duas notas que nos parecem essenciais relativamente a este problema.
Primeira, para dizer que a questão nacional em Espanha não pode ser avaliada apenas em função de
desenvolvimentos e de acontecimentos mais recentes, tem de ser encarada com a complexidade que a história
e a realidade daquele país encerram, nomeadamente a história do século XX e os desenvolvimentos que ela foi
conhecendo, particularmente a partir da década de 20.
Segunda, para deixar a ideia de que a resolução da questão nacional em Espanha, designadamente na
Catalunha, tem, necessariamente, de ser encontrada no respeito pela vontade dos povos e no quadro de uma
solução política e não no inaceitável e condenável recurso à coação e à repressão, como aconteceu nos últimos
dias.
Por isso, o PCP traduzirá, aquando da votação dos dois votos, que são diferentes, a perspetiva que tem em
relação a cada um dos votos.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em relação a esta matéria, queria dar
nota e expressão, em primeiro lugar e sobretudo, de uma normal e lógica preocupação.
Esta questão não se passa nos confins perdidos de uma realidade distante, passa-se num país que é o nosso
vizinho, é o nosso maior vizinho, com quem tivemos ao longo da nossa História e durante séculos uma relação
tensa e, por vezes, conflitual, mas com quem temos, já há muitos anos, uma relação de cordialidade, de parceria,
no quadro da Península Ibérica, no quadro das instituições europeias, designadamente desde que a democracia
se consolidou em ambos os países.
A relação entre Portugal e Espanha não é por isso indiferente à forma como olhamos para esta matéria. E
não só não é indiferente como temos de olhar para ela numa relação entre dois Estados soberanos.
Convém até dizer, para aqueles que puxam Portugal à colação para eventuais comparações com a realidade
interna de Espanha, ou até com a Catalunha, e lembrar a quem não esteja recordado que nós, Portugal, somos
um Estado soberano muito anterior, uns séculos antes, à existência da própria Espanha. Por isso, a nossa forma
de olhar para estas questões é de Estado para Estado no respeito pela soberania de cada um, e não pode ser