12 DE OUTUBRO DE 2017
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comportamentos de risco que aumentam a possibilidade de incêndios de origem não natural, sendo, pois, uma
coisa diferente do Dispositivo e do conjunto de meios que lhe estão alocados.
Era bom que refletíssemos que o Dispositivo é pensado em janeiro e vai sendo avaliado ao longo do ano. E,
neste ano, ninguém de boa-fé pode dizer que o mês de setembro foi igual aos meses de junho, de julho ou de
agosto, porque as estatísticas atmosféricas demonstram que não foi assim. De facto, as temperaturas baixaram
bastante, a humidade, não tendo sido aquela que gostaríamos que tivesse sido, subiu bastante e, portanto,
aquilo que aconteceu foi uma transição normal entre fases do Dispositivo.
O que sucedeu em Pampilhosa da Serra já foi no dia 6 de outubro, não foi no dia 1 de outubro; no entanto,
é bom saber que, nesse mesmo dia, o Governo, ainda assim, admitiu que era necessário manter mais 50 equipas
acima do Dispositivo, ou seja, foi acautelado, desde logo, um conjunto de grupos de reforço.
Além disso, embora eu, às vezes, fique admirado quando vejo certos responsáveis dos bombeiros e até
políticos esquecerem-se disso, há cerca de 35 000 bombeiros voluntários em Portugal. Então, eles não vão
trabalhar só porque não estão no Dispositivo e não recebem dinheiro? Eu não acredito nisso! Acho que é um
pouco lamentável que se ponha em cima da mesa e em causa o Dispositivo e o esforço dos próprios bombeiros
e das associações, que não precisam de estar no Dispositivo para serem mobilizados.
Portanto, deste ponto de vista, acho que temos de ter cautela.
No entanto, no essencial, o Partido Socialista está de acordo com a intervenção do Sr. Deputado Jorge
Machado, designadamente em relação às questões estruturais e às da reforma florestal — aliás, em relação a
várias dessas questões votámos em conjunto. Estamos, pois, de acordo de que é preciso fazer mais e até
estamos na expectativa de ver o relatório que amanhã vai ser entregue, porque, certamente, ele dar-nos-á mais
orientações para que, no futuro, possamos tomar medidas ainda melhores.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. José Miguel Medeiros (PS): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Sr. Deputado Jorge Machado, a questão que lhe deixava, e ligando um pouco com a questão estrutural…
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado José Miguel Medeiros, tem mesmo de concluir.
O Sr. José Miguel Medeiros (PS): — Vou já terminar, Sr. Presidente. Apenas quero ter o mesmo tempo que
os outros Srs. Deputados.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, a gestão do tempo foi a mesma.
O Sr. José Miguel Medeiros (PS): — Sr. Deputado Jorge Machado, uma vez que colocou a questão do
despovoamento do interior, perguntava-lhe se não acha que a descentralização, que muitas vezes não está
ligada a estas questões, não estão também no cerne deste problema.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Machado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, começo por agradecer as perguntas feitas
pela Sr.ª Deputada do CDS Patrícia Fonseca e pelo Sr. Deputado do PS José Miguel Medeiros.
À Sr.ª Deputada Patrícia Fonseca direi que estamos de acordo com a necessidade, que é imperiosa, de
alocação de mais recursos financeiros e humanos para tratar o problema da gestão da florestal e também atacar
o problema dos incêndios florestais.
Portanto, estaremos muito confortáveis na votação de todas as medidas, venham elas de onde vierem, que
sejam no bom sentido da resolução dos problemas do País.
Não deixamos é de registar em Plenário a incoerência de alguns partidos, nomeadamente do CDS-PP, que
teve particular responsabilidade no anterior Governo.