I SÉRIE — NÚMERO 6
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Sem esquecer, como é óbvio, que há causas e que temos de tratar das causas, perguntava-lhe, Sr.ª
Deputada, o que é que lhe parece que podemos fazer, no imediato, em relação às populações afetadas, aos
agricultores afetados.
Protestos do Deputado do PCP Miguel Tiago.
Pergunto-lhe ainda o que acha das medidas que o CDS já apresentou em tempo e que, se estivessem no
terreno, podiam, já hoje, estar a fazer uma diferença muito substancial em muitas explorações agrícolas.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Também para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr.
Deputado Renato Sampaio.
O Sr. Renato Sampaio (PS): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, queria, em primeiro lugar,
cumprimentá-la por trazer este tema a Plenário, muito oportuno nesta altura de seca extrema.
As alterações climáticas são uma realidade. Alguns não o querem ver, mas são uma realidade. Quero realçar
o grande consenso que existe na sociedade portuguesa e nesta Câmara sobre a necessidade de se fazer um
verdadeiro combate às alterações climáticas, porque Portugal é um dos países mais vulneráveis, com a erosão
da nossa costa, que muitas vezes leva o mar a entrar nas nossas casas, com as chuvas torrenciais que, depois,
se verificam no inverno, transformando as ruas em verdadeiros rios, com as ondas de calor e com a seca extrema
que hoje vivemos e que afeta as pessoas, a agricultura, os animais e a economia, como é evidente. Tudo isto
são consequências óbvias das alterações climáticas, que muitos não querem ver.
Portugal e os seus Governos — repito «os seus Governos» — estiveram sempre na linha da frente do
combate às alterações climáticas, desde a Conferência de Berlim, passando por Quioto até à última Conferência
em Paris.
Portugal iniciou esse percurso que está espelhado nas políticas energéticas, na implementação da produção
de energias renováveis, na mobilidade elétrica e no impedimento da destruição, que é muito importante, dos
sumidouros de carbono de que Portugal é um exemplo.
As secas sempre existiram, o que acontece hoje é que os ciclos são bem mais pequenos e bem mais curtos.
Por isso, há uma grande necessidade — e esta é uma questão que queria colocar — de constituir reservas de
água para acudir aos momentos de seca extrema.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Renato Sampaio (PS): — Termino já, Sr. Presidente.
As barragens são, por isso, uma infraestrutura importante para essa reserva elétrica, mas o Governo, Sr.ª
Deputada, já atuou, criando, pela primeira vez, um plano de emergência para estas situações em que coloca as
prioridades do uso da água: a do uso humano, a do problema relativo aos animais, a da rega e só, finalmente,
a d os outros usos.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Agradeço que termine, Sr. Deputado.
O Sr. Renato Sampaio (PS): — Peço a sua compreensão, Sr. Presidente, para uma situação que queria
ainda referir.
Este Governo tomou medidas concretas para ultrapassar estas dificuldades, disponibilizando 500 000 € para
fazer face a este problema, com a contratação de cisternas para abastecer os reservatórios das populações que
estão numa situação complicada, nomeadamente na bacia do Sado.
Aplausos do PS.