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19 DE OUTUBRO DE 2017

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E é normal ter mantido dirigentes da ANPC (Autoridade Nacional de Proteção Civil) depois de provas

inequívocas de incompetência? Não, não é normal, Sr. Primeiro-Ministro. Isso é valorizar mais os amigos do

que a proteção dos portugueses!

Vozes do CDS-PP: — Muito bem!

A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — É normal ter passado todo o tempo a dizer que a severidade do clima

poderia repetir-se e, depois, não acautelar a extensão de meios para lá do tempo habitual desses meios? Mais,

é normal ter deixado que se reduzissem 29 meios aéreos? Não, não é normal, é irresponsabilidade!

Vozes do CDS-PP: — Muito bem!

A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — É normal, depois de Pedrógão, não ter intensificado os meios de

sensibilização das populações para os comportamentos de risco — e eu disse-o em tempo —, nomeadamente

com avisos concretos nos dias mais críticos? Não, não é normal, é desleixo!

É normal que não se tenha garantido, em especial, os meios para o passado fim de semana, quando todos

os avisos meteorológicos apontavam para risco máximo? Não é normal, Sr. Primeiro-Ministro, é, no mínimo,

incúria!

E depois, quando a tragédia se repete, quando perdem a vida dezenas de pessoas — e podia ter sido só

uma, uma só que fosse já seria inadmissível —, vemos o Secretário de Estado, a Ministra e o Primeiro-Ministro

de Portugal numa sucessão de intervenções absolutamente inqualificáveis. O que os senhores tiveram para

dizer aos portugueses foi: «Salve-se quem puder, não esperem pelos meios aéreos, não esperem pelos

bombeiros»!

Morreram pessoas, ficaram destruídas casas, armazéns e fábricas, bem como o nosso pinhal de Leiria, que,

curiosamente, é pinhal.

O Sr. NunoMagalhães (CDS-PP): — É verdade!

A Sr.ª AssunçãoCristas (CDS-PP): — Mais uma vez, o que está à vista de todos é descoordenação,

incompetência e total ausência do Estado.

Não é normal haver gente a passar numa autoestrada ladeada por fogo. Não é e não pode ser! Não é normal

que alguém, em desespero, faça inversão de marcha numa autoestrada e perca a vida. Não pode ser normal!

Não é normal que as pessoas morram dentro de um armazém agrícola sem qualquer auxílio. Não é normal ver

as pessoas chegarem às vilas e às aldeias em desespero sem qualquer informação e sem alguém que os

tranquilize. Não é normal, Sr. Primeiro-Ministro, e não pode ser normal!

Da parte do Governo, vimos uma atitude que transmitia que tudo era normal, que tudo decorria do clima,

como, de resto, também já nos disse hoje, e que tudo decorria do desordenamento florestal.

Quatro meses depois da tragédia de Pedrógão e de mais de 107 mortos, o senhor dirigiu-se aos portugueses,

na segunda-feira à noite, exatamente com o mesmo tom que usou antes para referir que eram de aplicar as

recomendações da comissão técnica, esquecendo que muito ficou por fazer nestes quatro meses e esquecendo

que muito e muito falhou.

Pergunto-lhe: o que nos diz aqui e hoje de novo? Vai indemnizar as 42 vítimas que morreram no passado

domingo?

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro, António Costa.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Assunção Cristas, o que aconteceu não é normal

e, sobretudo, é inaceitável. Não nos podemos conformar com o que aconteceu.

Convém não confundir o realismo, que deve ser sempre transmitido com verdade aos portugueses, com a

aceitação da fatalidade.