19 DE OUTUBRO DE 2017
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A Sr.ª AssunçãoCristas (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, afinal, o que mudou este ano?
O clima não foi, porque tivemos anos anteriores exatamente com o mesmo tipo de condições dramáticas; a
floresta não foi, e não me vai dizer que este ano o que ardeu foi eucaliptais com um ou dois anos, que, de resto,
não ardem.
O que mudou este ano? Foi a competência e a coordenação.
O Sr. TelmoCorreia (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª AssunçãoCristas (CDS-PP): — Quando o Sr. Primeiro-Ministro nos diz que tem de fazer tudo e que
tem o dever de tudo fazer, tenho de lhe responder que o senhor falhou rotundamente, porque não fez tudo o
que podia ter feito. Lamento, mas não fez.
Os operacionais, para este fim de semana, estavam em menor número, bem como os meios aéreos, em
relação àqueles que estavam posicionados em maio. Portanto, não fez tudo o que podia ter feito. Lamento, mas
não fez, como não fez quando não demitiu a sua Ministra a tempo e horas.
O Sr. TelmoCorreia (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª AssunçãoCristas (CDS-PP): — Há dois dias, o senhor veio dizer que seria uma infantilidade demitir
a Ministra. Afinal, soubemos que a Ministra quis sair, e bem, logo naquela altura, porque tinha percecionado que
não teria condições para continuar. O senhor não teve sentido de Estado.
Sr. Primeiro-Ministro, digo-lhe outra coisa olhos nos olhos: teve uma oportunidade, a seguir ao que aconteceu
em Pedrógão, de mostrar que era capaz de estar à altura das responsabilidades que são exigidas a um Primeiro-
Ministro. O senhor mostrou que não estava à altura, que não era capaz, que não previu, e deixou que a tragédia
se repetisse.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª AssunçãoCristas (CDS-PP): — Sr. Primeiro-Ministro, é por isso que não podemos voltar a ter
confiança em si, é por isso que os portugueses não têm confiança em si e é por isso que apresentamos, e cá
estaremos para discuti-la, uma moção de censura ao seu Governo, do qual é primeiro e último responsável.
Aplausos do CDS-PP e do Deputado do PSD Carlos Abreu Amorim.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Assunção Cristas, temos, seguramente, visões
diferentes do que é o exercício das funções de primeiro-ministro e, um dia, se o for, veremos qual será a forma
da sua atuação.
Do meu ponto de vista, um primeiro-ministro tem o dever de ser solidário com os restantes membros do
Governo e não resolver facilmente um problema político culpabilizando um membro do Governo perante a
primeira calamidade que tem de enfrentar. Isso, sim, é que é um passar de culpas e isso, sim, é que teria sido
esconder-me atrás da Sr.ª Ministra de forma a aliviar um problema político.
Aplausos do PS.
Tenho muita estima, muita consideração e amizade pela Prof.ª Constança Urbano de Sousa. Se insisti para
que se mantivesse em funções, foi porque entendi que era essencial fazermos aquilo que era necessário fazer:
em primeiro lugar, não perturbar o verão; em segundo lugar, apurar as responsabilidades que importavam
apurar; em terceiro lugar, preparar a reforma, o que era muito claro ser necessário fazer, em todo o sistema de
prevenção e em todo o sistema de combate.