19 DE OUTUBRO DE 2017
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No seguimento do incêndio de Pedrógão Grande, afirmámos que era necessário tomar medidas excecionais
para assegurar a resposta a um verão que previsivelmente seria muito duro.
Quanto propusemos, na lei de apoio às vítimas, que o Governo procedesse ao reforço de efetivos e meios
associados ao dispositivo de combate aos incêndios, designadamente alargando o seu período de
funcionamento, era de determinação e de medidas imediatas de que estávamos a falar.
Quando afirmámos que o Governo teria de tirar todas as consequências destes acontecimentos, sabíamos
que não se resolvia tudo com a demissão da Sr.ª Ministra da Administração Interna.
O que se pede é a determinação, desde já, no apoio às vítimas. Por isso, começo por lhe perguntar, Sr.
Primeiro-Ministro, mal esteja promulgada a lei de apoio às vítimas, que prevê apoios a nível de habitação, de
saúde, de emprego, de reposição do potencial produtivo, se tenciona garantir a efetivação da indeminização às
vítimas por parte do Estado.
Para além disso, é nosso entendimento que o povo português quer respostas claras, nomeadamente quer
saber quais são as medidas, quanto é que se vai gastar em cada uma delas e quais as que serão implementadas.
Neste quadro, o PCP entende ser necessário que, já para 2018, o Governo dê um sinal dessa determinação,
designadamente: elaborando um orçamento específico para a defesa das florestas e um orçamento fortemente
reforçado — Sr. Primeiro-Ministro, até regresso à questão que lhe coloquei em julho, no sentido de saber se
está disposto a gastar na floresta e na agricultura familiar tanto como o Estado gastou na salvação do BANIF;
clareza sobre o compromisso de constituição de 100 equipas de sapadores florestais e sobre a reconstituição
do corpo de guardas florestais no seguimento das propostas do PCP; clareza nas verbas a aplicar na rede das
faixas de gestão de combustível na floresta, que tanta falta fez nos incêndios dos últimos dias, e no reforço dos
meios de combate aos incêndios que a realidade da floresta exige; clareza no reforço de apoio aos bombeiros
voluntários; clareza quanto ao reforço das estruturas do Ministério da Agricultura, designadamente do Instituto
da Conservação da Natureza e das Florestas, cujas dificuldades de resposta são evidentes.
Sr. Primeiro-Ministro, está na disposição de, ainda na fase de debate do Orçamento do Estado, assumir essa
clareza e esses compromissos, mesmo considerando ou reconsiderando as metas do défice definidas e
desfasadas das necessidades e da realidade do País? É que, do nosso ponto de vista, as pessoas têm de estar
primeiro que o défice.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Se assim for, estaremos a prestar a melhor homenagem aos que
perderam a vida, os seus bens, a sua habitação, a sua empresa e a sua produção.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, muito obrigado pelo exemplar cumprimento do tempo.
Para responder, dou a palavra ao Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, muito obrigado.
Creio que resultam do Relatório que foi aqui elaborado na Assembleia claras responsabilidades por falha de
serviço do Estado. Acho que a lei aprovada na Assembleia da República responde, por um lado, a um conjunto
de apoios, como a reconstrução de habitações, a reposição do potencial produtivo, a revitalização do território.
Muitos deles, felizmente, já estão neste momento em curso e têm de prosseguir.
Mas há uma outra dimensão, que tem a ver com a criação de um mecanismo extrajudicial para a reparação
de todos os danos, patrimoniais e não patrimoniais. Nós aderimos a esse mecanismo extrajudicial, que é muito
abrangente quanto aos seus destinatários. Por isso, na reunião que hoje mantive com a Associação dos
Familiares das Vítimas dos Incêndios de Pedrógão, propus um mecanismo complementar que, relativamente às
vítimas mortais, permitisse ter um tratamento mais célere e mais diferenciado.
A Associação ficou de ir estudar com os seus próprios juristas as soluções a trabalhar, estando marcadas
reuniões técnicas já para amanhã, e assim que concluirmos essa discussão iremos implementar esse
mecanismo.