19 DE OUTUBRO DE 2017
29
crescimento rápido, que dão rendimento em 10 anos, aqueles que têm espécies de crescimento lento, que só
darão rendimento aos seus netos, e aqueles que têm propriedades onde nada pode estar plantado.
O Sr. Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, peço-lhe para concluir.
O Sr. Primeiro-Ministro: — A única forma de haver uma perequação justa entre todos é podermos ter uma
gestão de zonas alargadas, onde quem arrenda paga justamente a todos.
O critério que hoje vigora, aceite pacificamente por todos no mundo urbano, de que há uma clara distinção
entre o direito de propriedade e o direito a construir, também tem de chegar ao mundo rural, na clara distinção
entre o direito de propriedade e o direito a plantar.
O Sr. Presidente: — Faça favor de concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Vou já terminar, Sr. Presidente.
Sim, há sítios onde não é possível plantar nada, há sítios onde não é possível plantar aquilo que queremos,
mas só aquilo que os planos locais de ordenamento florestal permitem.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, terminamos assim o debate quinzenal com o Primeiro-Ministro ao
abrigo da alínea b) do n.º 2 do artigo 224.º do Regimento.
Passamos ao debate preparatório do próximo Conselho Europeu, ao abrigo da alínea a) do n.º 1 do artigo
4.º da Lei de Acompanhamento, Apreciação e Pronúncia pela Assembleia da República no âmbito do Processo
de Construção da União Europeia, e o debate sobre o discurso do Presidente da Comissão Europeia relativo ao
estado da União, realizado no Parlamento Europeu a 13 de setembro de 2017, nos termos do disposto na alínea
c) do n.º 1 do artigo 4.º daquela Lei.
Tem a palavra, para uma intervenção, em nome do Governo, o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: O Conselho Europeu, que
terá lugar amanhã e depois, incidirá sobre os temas da migração, Europa Digital, segurança e defesa,
aproveitando a hora do jantar para debater o tema das relações externas.
Portugal apoia genericamente o projeto de conclusões que nos parece equilibrado.
Em matéria de migrações, reflete a necessidade de prosseguirmos a aplicação das medidas já adotadas para
fazer face à crise no quadro da Agenda Europeia da Migração. Sublinhamos que a rota do Mediterrâneo Central
assume hoje uma posição nuclear nos nossos esforços e queremos aqui reafirmar a necessidade clara de
solidariedade para com a Itália.
Na senda do projeto de conclusões, consideramos que não se devem perder de vista as demais rotas do
Mediterrâneo. A vigilância de todas as rotas deve ser mantida e reforçada, não podemos continuar com esta
trajetória em que, bloqueada a rota dos Balcãs, se abre a rota do Mediterrâneo Central e, uma vez bloqueada
esta, se aproxima do Atlântico.
O combate às causas profundas da imigração é a chave da gestão responsável dos nossos fluxos
migratórios. Para isso, é fundamental a cooperação com os países terceiros e, em particular, com a África. A
importância que atribuímos a um acordo com vista a adoção da reforma do Sistema Europeu Comum de Asilo
(SECA), no respeito pelos princípios da solidariedade e da responsabilidade partilhada, é uma segunda linha da
nossa posição. Portugal continua fortemente empenhado no cumprimento dos seus compromissos em matéria
de recolocação.
Fundamental para a modernização da economia europeia é o tema da Europa Digital. Portugal revê-se na
importância atribuída a este tema no Conselho Europeu e apoia as suas prioridades — a promoção das
competências digitais, o aprofundamento da administração eletrónica, o aumento da cibersegurança, o
investimento em infraestruturas de rede de comunicações eletrónicas 5G — e o quadro de regras que,
orientando o funcionamento equilibrado do mercado, não prejudiquem a inovação e o crescimento.