20 DE OUTUBRO DE 2017
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É um pouco perplexizante o que ouvimos do Sr. Deputado Carlos Silva, porque o PSD não só votou e
subscreveu a proposta de alteração do texto de substituição que esteve na base do diploma final aprovado,
como votou, em votação final global — em ambos os momentos, consta —, expressamente, a previsão da
necessidade de um regime sancionatório.
E, mais, na versão inicial, que, aliás, está em vigor, prevê-se um regime sancionatório contraordenacional e
penal, e o Governo apenas nos apresenta um regime contraordenacional porque constatou que era suficiente a
tutela contraordenacional.
Portanto, até é menos do que aquilo que o PSD tinha solicitado em 2015, quando votou favoravelmente e
apresentou um projeto de substituição, na especialidade, e que, agora, aparentemente é um regime severo que
vem atacar e desfazer o setor. Nada disso, Sr. Deputado! É aquilo que faz falta, é aquilo que a CMVM, em 2015,
disse que devia ter sido logo aprovado em 2015, mas que, por condições técnicas, não fomos capazes de fazer,
e é algo que também o próprio setor reivindicou. Porquê? Porque é isto que garante «separar o trigo do joio»,
separar as entidades que se portam com fidedignidade, que informam devidamente os seus clientes e que dão
garantias de fiabilidade e de robustez ao sistema, daqueles que, não o fazendo, obviamente devem ser
sancionados, como em qualquer atividade económica, porque o objetivo principal, penso, de todos é garantir
que as plataformas possam desenvolver a sua atividade, por um lado, mas também simultaneamente assegurar
que protegemos os consumidores e também os utilizadores finais.
Penso que todas estas intervenções vão neste sentido e espero que consigamos, em sede de especialidade,
e em colaboração com o Governo, criar aqui um regime adequado, sustentável, equilibrado e que continue a
garantir que o crowdfunding é uma ferramenta adicional para o crescimento da economia.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados:
Gostaria de registar que o consenso sobre esta matéria é aquilo que deve ser a tónica deste debate. E quero
aproveitar para reconhecer a sugestão do Sr. Deputado Miguel Tiago, que me parece muito pertinente, de o
Governo poder fazer chegar à Assembleia da República todos os pareceres que tem sobre esta matéria para
que a Assembleia da República, agora, em sede de especialidade, possa também fazer a apreciação que o
próprio Governo fez na elaboração desta regulamentação.
Como o Sr. Deputado Hélder Amaral disse, e quero sublinhar, o que estamos a fazer é a dar fiabilidade,
credibilidade e transparência a uma nova forma de financiamento, o que é muito importante e não é nenhuma
novidade, porque é aquilo que foi definido na lei que foi aprovada na Assembleia da República. E, como o Sr.
Deputado Miguel Tiago disse, e bem, também temos de assegurar não apenas o quadro sancionatório mas
também o quadro de fiscalização. É por isso que registo a preocupação do Sr. Deputado Paulino Ascenção e
quero dizer que a nossa preocupação foi precisamente a de que a CMVM e a ASAE pudessem, nos respetivos
financiamentos, ter os instrumentos adequados para fazer essa mesma fiscalização.
Termino, apelando ao Sr. Deputado Carlos Silva e ao PSD para que entrem, novamente, no consenso que
existe neste Parlamento sobre estas matérias.
O Sr. Presidente: — Sr. Secretário de Estado, peço-lhe o favor de concluir.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — Concluo já, Sr. Presidente.
Tenho a certeza de que, na especialidade, o Sr. Deputado Carlos Silva e o Grupo Parlamentar do PSD terão
oportunidade de melhorar um sistema que foi aprovado por todos e de verificar que aquilo que estamos a fazer
é a cumprir uma lei da Assembleia da República.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, a Mesa não regista mais inscrições, pelo que está terminado o debate,
na generalidade, da proposta de lei n.º 97/XIII (3.ª).