I SÉRIE — NÚMERO 12
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O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, peço-lhe para concluir, embora o tempo da sua intervenção esteja a ser
descontado no tempo total atribuído ao seu grupo parlamentar.
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Vou já concluir, Sr. Presidente.
Está por demais evidente que esta moção de censura é uma tentativa de o CDS fugir às suas
responsabilidades.
A pergunta, Sr.ª Deputada, que o País lhe pretende fazer, e ver respondida, é a seguinte: é hoje que o CDS
assume as suas responsabilidades pela má condução da política florestal e pela desorçamentação, pelo
desinvestimento e pelos cortes na despesa nos serviços de proteção civil e de defesa da floresta no tempo do
seu Governo?
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado João Paulo Correia, peço-lhe desculpa, porque, efetivamente, em relação
ao primeiro pedido de esclarecimento, o Sr. Deputado tinha direito até a ter tido um pouco mais de tempo, mas
esta lógica de vasos comunicantes de tempo para tempo induz-nos em pequenos erros.
Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Hugo Soares, dispondo de 5 minutos para tal.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as e Srs. Membros do Governo,
Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Assunção Cristas, queria fazer um primeiro comentário à intervenção que
acabámos de ouvir.
Nós, no passado, não tivemos nada a ver com o atual sucesso económico do País, nós, no passado, não
tivemos nada a ver com o acerto das contas públicas que hoje vivemos, nós, no passado, não tivemos nada a
ver com tudo o que de bom acontece hoje no País, mas — disse hoje o Partido Socialista — temos a
responsabilidade pela tragédia que aconteceu em Pedrogão e no dia 15 de outubro!
Aplausos do PSD.
Que humildade esta, a do Partido Socialista! Diria mesmo: que grande falta de decoro por parte da bancada
do Partido Socialista!
Aplausos do PSD.
Sr. Primeiro-Ministro, o debate de hoje tem um passado, tem um presente e tem um futuro.
O passado é tudo o que aconteceu no País, em que o Governo falhou, o Estado falhou e o Sr. Primeiro-
Ministro falhou.
Sr. Primeiro-Ministro, foi a sua incompetência, a sua insensibilidade e a sua soberba que fizeram com que
não tivesse ouvido os avisos da Liga dos Bombeiros Portugueses, do Instituto de Meteorologia e não se
prolongasse a fase Charlie.
Foi a sua incompetência, a sua soberba e a sua insensibilidade que o fez trocar gente competente na
Autoridade Nacional de Proteção Civil pelos seus amigos, um conjunto de amigos que se revelaram
verdadeiramente incompetentes.
Aplausos do PSD.
Foi a sua soberba, a sua incompetência e a sua insensibilidade que o fez manter na Administração Interna
uma Ministra que implorava para sair porque sabia que não estava em condições políticas e, quem sabe,
pessoais de garantir a autoridade que a pasta exigia. Foi a sua insensibilidade, a sua incompetência e a sua
soberba que o fez manter no cargo uma Ministra sem condições.
Foi, de resto, Sr. Primeiro-Ministro, a sua soberba, a sua insensibilidade e a sua incompetência que fizeram
com que não tivéssemos meios aéreos para combater os fogos de 15 de outubro.