I SÉRIE — NÚMERO 12
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em todo o sistema, e implica também o desenvolvimento da rede de vigilantes da natureza, de guardas e
sapadores florestais, das parcerias com as autarquias e associações de produtores florestais, agrícolas e
pecuários e a colaboração ativa do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA), da GNR.
O segundo princípio é o da profissionalização e da capacitação, o que exige, desde logo, o investimento em
investigação e desenvolvimento e a mobilização dos atores para a incorporação do conhecimento científico nas
fases de planeamento, previsão e gestão dos dispositivos e operações, assim como a qualificação técnica de
todos os intervenientes.
Neste sentido, foi criada uma linha de investigação na Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), mas
teremos de integrar a Escola Nacional de Bombeiros no ensino profissional certificado e criar cursos técnicos
superiores profissionais no ensino superior politécnico.
A Autoridade Nacional de Proteção Civil passará a ter um quadro de pessoal ajustado aos perfis de risco e
devidamente dotado com carreiras organizadas e uma estrutura de direção e comando consolidadas e
preenchidas por concurso, nos termos da lei geral.
Será desenvolvida a capacidade de apoio militar de emergência nas Forças Armadas, nomeadamente no
patrulhamento, apoio às populações, apoio logístico e rescaldo. Será também expandida e densificada a
cobertura do GIPS (Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro), da GNR, em todo o território, que tão boas
provas tem dado nestes 11 anos de serviço.
Será confiada à Força Aérea a missão do combate aéreo aos incêndios florestais, por meios próprios do
Estado ou outros que só sazonalmente sejam necessários. Será valorizada a contribuição ímpar do voluntariado,
com a profissionalização qualificada das equipas de intervenção permanente, beneficiando do entrosamento
comunitário dos corpos de bombeiros voluntários, sem ignorar a evolução que a dinâmica sociodemográfica do
território hoje nos impõe.
Finalmente, o terceiro princípio é o da especialização que permitiráa progressiva e tendencial segmentação
de meios vocacionados para a proteção de pessoas e bens — missão primeira da proteção civil — e para a
gestão dos fogos rurais que exige elevado grau de especialização.
Esta segmentação, naturalmente, não pode sacrificar a unidade de comando, sobretudo em operações de
ataque ampliado ao fogo, nem ignorar que o tipo de povoamento nos territórios de baixa densidade muitas vezes
não permite a distinção entre a proteção das pessoas e bens e a gestão do fogo, questão que os planos
municipais de ordenamento do território e os de proteção civil têm obrigatoriamente de considerar.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O dever dos responsáveis políticos é procurar traduzir em medidas
de política o consenso científico que se estabeleceu na Comissão Técnica Independente constituída por decisão
unânime da Assembleia da República.
Houve tempo para essa Comissão Técnica estudar e recomendar. É agora o nosso tempo de executar uma
reforma profunda mas que tem de ser conduzida sem ruturas, nem descontinuidades, uma reforma que não
divide mas soma, que não afasta mas une e em que todos são essenciais, numa nova aliança entre o saber e a
vontade de servir, a academia e os operacionais, a sociedade e as instituições.
Encaremos juntos este desígnio, este ímpeto que nos desafia. Os portugueses não esperam outra coisa de
nós, nesta altura. Honremos a nossa palavra: nada pode ficar como antes.
Pela minha parte, pela parte do Governo, esta é a nossa causa. Estamos certos que esta é a causa de todos
nós.
Aplausos do PS, de pé.
O Sr. Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, tal como aconteceu com a intervenção anterior da Sr.ª Deputada
Assunção Cristas, excedeu o tempo consignado, pelo que o procedimento será o mesmo, havendo um desconto
no tempo de debate atribuído ao Governo.
Srs. Deputados, vamos entrar na fase de perguntas aos dois oradores. Começamos pelas perguntas a
colocar ao CDS-PP, tendo a Mesa registado já três inscrições para pedidos de esclarecimento, nomeadamente
do Sr. Deputado João Paulo Correia, do PS, do Sr. Deputado Hugo Soares, do PSD, e da Sr.ª Deputada Jamila
Madeira, do PS.
Como pretende responder, Sr.ª Deputada?