I SÉRIE — NÚMERO 12
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O Sr. Filipe Neto Brandão (PS): — Bem lembrado!
A Sr.ª Ana Catarina Mendonça Mendes (PS): — Quero saudar não apenas todas as medidas que foram
aprovadas neste sábado mas também a convergência, aparentemente alargada, daquelas que foram as
medidas — e boas medidas — tomadas para acudir no imediato às dificuldades das pessoas.
Protestos do Deputado do PSD Adão Silva.
Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, há uma marca que eu queria que deixássemos aqui, também. Ao contrário
do que querem fazer passar a Deputada Assunção Cristas ou mesmo o Deputado Hugo Soares — tão
interessado que estava neste debate que já nem está presente —, a verdade é que não estão empenhados em
discutir seriamente as questões.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD.
Portugal tem um problema estrutural, que se chama ordenamento do território e das florestas e que é
agravado, hoje em dia, não só pelas alterações climáticas, que devem ser ponderadas neste nosso debate, mas
também por aquilo que tem sido o despovoamento, a desertificação, o abandono das nossas terras e do interior
do nosso País.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Ana Catarina Mendonça Mendes (PS): — Concluo já, Sr. Presidente.
Sr. Primeiro-Ministro, este Estado tem feito reformas e acordou para o problema antes destas tragédias. Há
mais de um ano, aprovou um conjunto de medidas para a reforma da floresta e, nos últimos tempos, aprovou
um conjunto de medidas para apostar fortemente na descentralização do nosso País.
Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, pergunto se esta reforma e a descentralização serão também ou não dois
instrumentos estruturais e a longo prazo para combater os incêndios, para prevenir os incêndios, mas,
sobretudo, para dar um futuro às pessoas em Portugal.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Em nome do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Catarina Martins para pedir esclarecimentos, dispondo para o efeito de 5 minutos.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, pela primeira vez, debatemos uma
moção de censura sobre uma tragédia.
Vozes do PSD: — Ah…!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Em si mesmo, este facto não a fragiliza: a ação de um governo perante uma
tragédia pode ser avaliada e pode achar-se que há motivos para demitir esse governo. Mas uma moção de
censura é isso, um instrumento para demitir um governo, não é sobre a dor ou a indignação de um País que,
infelizmente, tem tido tanta dor e tanta indignação.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Por isso, apresentar esta moção, como fez o líder parlamentar do CDS,
como um instrumento para os partidos avaliarem se a morte de 100 pessoas é grave é mais do que
desadequado, é obsceno.