4 DE NOVEMBRO DE 2017
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O Sr. Paulo Pisco (PS): — Não diga disparates!
O Sr. Cristóvão Simão Ribeiro (PSD): — A dívida que cabia a cada português, há 25 anos, rondava os
3600 €. Hoje, passados 25 anos, cinco Governos socialistas depois, ronda os 24 000 €.
Portanto, Sr.as e Srs. Deputados, é factual: o Partido Socialista castiga consecutivamente as novas gerações
com mais dívida e com mais impostos.
Aplausos do PSD.
Sr. Primeiro-Ministro, vocês não sabem e, provavelmente, nem sequer imaginam que, hoje, um português
passa mais de metade do ano a levantar-se e a ir trabalhar para pagar impostos, para que SS. Ex.as escolham
aumentar a despesa estrutural, aumentando ainda mais o peso do Estado sobre os trabalhadores e sobre quem
cria emprego.
Podemos falar do capítulo das cativações, onde durante estes anos assistimos a um autêntico rasgar de
vestes, por parte da esquerda portuguesa, a que agora, pelo terceiro Orçamento consecutivo, baixam os olhos.
Aliás, é o que estão e têm estado a fazer durante todo o dia de hoje. E baixam-nos porque estão a ser coniventes
com ataques à qualidade do serviço público, nomeadamente na saúde, na educação, na administração interna,
na defesa e em todo o funcionamento quotidiano do Estado.
As pessoas sabem-no e não se deixam iludir! Os portugueses sabem-no, porque sentem, todos os dias, os
problemas e a degradação nos hospitais, nas escolas, nos serviços públicos.
Pois é, Meus Senhores e Minhas Senhoras, nomeadamente da esquerda parlamentar, este é o vosso
Orçamento. Um orçamento que não resolve os problemas dos jovens portugueses que procuram emprego em
Portugal,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Os que vocês mandaram embora?!
O Sr. Cristóvão Simão Ribeiro (PSD): — … porque não incentiva a iniciativa privada, bem pelo contrário
castiga-a com impostos adicionais.
No turismo, por exemplo, que tem sido, como sabemos, uma das principais bolhas de oxigénio da economia
nacional, os senhores, neste Orçamento, ameaçam com mais ataques, sobretudo àqueles que têm sido capazes
de incorporar divisas externas na economia portuguesa.
Este, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, é um Orçamento que não resolve os problemas dos jovens
portugueses que procuram uma habitação condigna nos centros urbanos. Os senhores não apresentam
nenhuma solução estrutural que auxilie o arrendamento para habitação por parte dos jovens que, legitimamente,
ambicionam emancipar-se.
Este é um Orçamento em que, por exemplo, no ensino superior, quando as universidades ainda não
receberam este ano os reforços para a reposição de carreiras, para o aumento do subsídio de refeição e para o
aumento do salário mínimo, aquilo que os senhores fazem, uma vez mais, é apenas anunciarem um putativo
aumento.
Este é um Orçamento que não estimula a produtividade das empresas portuguesas numa economia de
mercado aberta, bem pelo contrário redu-la.
E o que fará este Parlamento relativamente àquilo que já hoje foi aqui falado, que são as alterações ao regime
simplificado dos jovens trabalhadores independentes? Sim, Sr.as e Srs. Deputados, os mesmos jovens
trabalhadores independentes com que, tantas vezes, os senhores enchem a boca, quando dão exemplos de
precariedade que tem de ser combatida e deve ser combatida?! O que farão, VV. Ex.as, perante estas alterações
que dificultam a vida aos trabalhadores, do ponto de vista burocrático e económico?!
Sr.as e Srs. Deputados, façam as vossas escolhas em coerência com as vossas prioridades, mas não se
esqueçam de que «quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele».
Este, Sr.as e Srs. Deputados, é o orçamento das fake news! Parece que vai melhorar a vida dos portugueses,
mas não melhora. Os impostos indiretos aumentam, os impostos sobre os trabalhadores independentes
aumentam, as cativações mantêm-se e as dificuldades para as próximas gerações agravam-se.
Contudo, para este Governo, Sr.as e Srs. Deputados, parece que vivemos no «país das maravilhas».