I SÉRIE — NÚMERO 20
28
Mas o Orçamento ficou aquém daquilo que é necessário para dar a resposta de fundo que resolva os
problemas do abandono do mundo rural e do interior, incluindo o flagelo dos incêndios florestais. Continuaremos,
por isso, a intervir para que essa resposta seja definida e concretizada.
A Sr.ª RitaRato (PCP): — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.as e Srs. Membros do Governo, ao
longo do debate do Orçamento do Estado para 2018, o PSD e o CDS procuraram desvalorizar o conjunto de
medidas positivas deste Orçamento dizendo tratar-se de responder a clientelas. Estranha-se que alguém possa
referir-se ao povo como clientela, mas não surpreende que o PSD e o CDS o façam.
Enquanto governaram, o PSD e o CDS assentaram o seu discurso na ideia de que direitos são privilégios. A
partir do seu Governo, atacaram os direitos sociais, liquidando uns e transformando outros em prestações de
caridade. O objetivo era o de transformar cidadãos com direitos em gente à mercê do Governo que
comandavam, sujeita a todo o tipo de discricionariedade e colocada na sua órbita e dependência políticas.
Não surpreende, por isso, que o PSD e o CDS utilizem o termo «clientela» para designar o povo deste País
e talvez não seja exagerado dizer que, devolvendo ao povo os direitos que lhe foram roubados, estaremos, sim,
a libertar o povo dessas lógicas de clientela e a garantir a dignidade de cidadãos com direitos que são livres de
decidir o seu destino.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
Com este Orçamento do Estado, devolvem-se direitos sociais, em que se inclui o direito a receber os
subsídios de férias e de Natal por inteiro no momento em que são devidos.
A operação de propaganda que foi lançada contra esta opção e as mentiras utilizadas revelam bem a raiva
do grande patronato ao ver ruir os planos que tinham urdido.
A Sr.ª RitaRato (PCP): — Exatamente!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Querendo o grande patronato acabar com os subsídios e querendo o então
Governo PSD/CDS disfarçar o enorme aumento de impostos que aplicou, tomaram a decisão de suspender a
legislação laboral e de diluir os subsídios em duodécimos de forma a que nunca mais ninguém se lembrasse de
que os subsídios existiam.
O que agora se faz neste Orçamento, repondo a legislação laboral e o pagamento por inteiro dos subsídios
no momento em que é devido, é a defesa dos subsídios de férias e de Natal como direito dos trabalhadores. E,
naqueles casos em que os salários são curtos para as despesas, a solução não pode ser a da liquidação dos
subsídios de férias e de Natal, tem de ser a do aumento dos salários, como o PCP tem defendido e proposto.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.as e Srs. Membros do Governo, quem se preocupa com as
condições de vida dos trabalhadores e do povo e com o futuro do País tem de valorizar os avanços alcançados
com o Orçamento para 2018 sem deixar de assinalar as opções erradas que impedem que se concretize uma
política verdadeiramente alternativa que responda aos graves problemas nacionais que enfrentamos.
O Orçamento, globalmente, está longe de corresponder ao que é necessário para ultrapassar os problemas
do País e a degradação das condições de vida, provocada pela política de direita e da responsabilidade de
sucessivos governos PS, PSD e CDS.
Este Orçamento está igualmente distante das possibilidades reais que existem no País para concretizar uma
política que cumpra aqueles objetivos.
Dívida, euro, regras e política da União Europeia continuam a pesar de forma particularmente negativa
mesmo para lá das exigências externas.
As metas de redução do défice que o Governo impõe a si próprio continuam a limitar o ritmo e o alcance da
reposição de direitos e rendimentos e o investimento público necessário.