I SÉRIE — NÚMERO 20
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O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — E uma intenção certamente isolada, já que não inserida em nenhuma
perspetiva estratégica de descentralização mais alargada.
Já não estamos, pois, no domínio da política, estamos na presença da pura comédia e do ridículo.
Aplausos do PSD.
O mesmo se poderia dizer de todo o processo ligado ao descongelamento das carreiras na Administração
Pública. Nada parece ter sido estudado ou inserido numa lógica de reforma mais alargada, talvez por se pensar
que se tratava, simplesmente, de pôr novamente o cronómetro a contar, o que, em situação de normalidade,
deveria ser compatível com os recursos normais e correntes de um Estado sustentável.
O Governo afirmou que contava com perto de 211 milhões de euros, em termos líquidos, para fazer face ao
processo, ou, pelo menos, era o que constava do Programa de Estabilidade e do Orçamento deste ano, mas eis
que se gerou, em grande parte por responsabilidade do próprio Governo, a ideia de que este seria apenas um
primeiro efeito no primeiro ano, já que não seria possível acomodar todos os efeitos do descongelamento num
único ano.
Com esta porta aberta para, pelo menos em parte, vir a reconhecer o que, inicialmente, sempre fora
considerado pelos socialistas como impossível — isto é, os anos do congelamento terem efeito nas progressões
futuras —, o Governo promete a alguns sindicatos vir a negociar um impacto maior do que o estimado. Com
efeitos já em 2018? Talvez sim. Com o efeito mais relevante a ser reconhecido apenas na próxima Legislatura?
E porque não? Eis o estado do processo. Sabemos pouco do que vai acontecer.
O Orçamento não parece ter mudado, mudou foi, outra vez, a conversa do Governo. Agora, diz a Ministra da
Presidência, o impacto do descongelamento das carreiras, em 2018, vai custar, afinal, mais de 640 milhões de
euros, mas tudo será feito faseadamente e sem revisão de carreiras.
Podemos ficar descansados, a comédia e o ridículo vão continuar.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Estamos há 15 minutos a falar do Orçamento!
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Como à pura comédia e ao ridículo pertencem, por exemplo, as
afirmações da responsável do Bloco de Esquerda, a Sr.ª Deputada Catarina Martins,…
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Logo vi!
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — … dizendo que a dotação orçamental da cultura é vergonhosamente
baixa.
Ai é, Sr.ª Deputada? Não me diga!
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Os senhores votaram contra as nossas propostas!
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Então, a cultura não é importante? Digamos: não é suficientemente
importante para ter merecido uma posição conjunta com o PS e uma resposta consequente em já metade da
Legislatura?
Aplausos do PSD.
A resposta é: para o Bloco, claro que não! Para o Bloco há muitas outras coisas mais importantes e prioritárias
do que a cultura.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Os senhores até com o Ministério acabaram!
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Mas não fica bem assumi-lo, pelo que se recomenda que se fale do
assunto para exorcizar o vazio de ação.