I SÉRIE — NÚMERO 20
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O Sr. João Oliveira (PCP): — Está a falar bem!
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — … e constituía uma peça decisiva para uma recuperação económica
mais forte, por via do incremento da procura interna compatível com o equilíbrio externo, dado privilegiar,
particularmente no caso da recuperação de rendimentos, os rendimentos baixos que estimulariam sobretudo o
mercado interno e não as importações. Neste domínio, garantiam-nos que cada euro a mais utilizado com este
propósito não representaria mais défice mas, antes, maior retorno para as contas públicas.
Deste modo, o enunciado político era claro: provar-se-ia que o défice poderia descer, juntamente com a
dívida, gastando mais nas funções sociais e numa melhoria mais rápida dos rendimentos e do investimento
público e, consequentemente, ficaria demonstrado que a austeridade do passado tinha sido um erro
perfeitamente dispensável e evitável.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Está a falar bem!
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Quem quisesse acreditar, à moda de São Tomé, que pusesse os
olhos na alternativa em curso, geradora de paz social, reconciliação nacional e prosperidade económica.
O Sr. João Oliveira (PCP): — É capaz de ser o melhor discurso que lhe ouvi!
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Os factos, porém, mostraram uma realidade diferente.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Já vai estragar tudo!
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — No primeiro ano do Governo, nem as contas públicas nem o
crescimento da economia reagiram como previsto e, pelo verão de 2016, o desvio na receita fiscal fez tocar
todos os alarmes. Ao contrário do que aconteceria com a dívida pública, cujo peso no Produto acabaria por
aumentar face a 2015, o défice seria cumprido nesse ano de 2016, mas as coisas teriam de seguir um caminho
muito diferente do planeado e a mostrar, teimosamente, que em economia não há milagres.
O Sr. João Oliveira (PCP): — É desta que o diabo aparece!
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Com uma economia a crescer menos do que o estimado (1,5% do
PIB de facto contra 1,8% previstos), o Governo lançou mão de várias medidas extraordinárias para garantir
receitas significativas e travou a fundo no investimento público e na despesa corrente do Estado.
Nesse ano, as cativações de programas orçamentais elevaram-se a valores históricos e o investimento
público desceu a patamares inimagináveis.
O Governo socialista e a maioria radical comunista não se deram por vencidos.
Risos do PCP e de Deputados do BE.
Se a realidade se atravessa numa boa narrativa, mantém-se a narrativa e nega-se a realidade.
Aplausos do PSD.
Foi literalmente o que fizeram! Esconderam e dissimularam primeiro, negaram depois, e sempre, este plano
B orçamental e lá continuaram a sua retórica violenta contra a austeridade do passado, disfarçando, mas
prosseguindo, a nova austeridade dos impostos indiretos e das cativações,…
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Muito bem!