28 DE NOVEMBRO DE 2017
41
Lembram-se da afirmação, ainda bem recente, de que com este Governo «é chapa ganha, chapa que
distribui»? E claro que de quem produz afirmações tão contraditórias quanto estas, «palavra dada é palavra
honrada», podemos esperar que esta atitude se mantenha no futuro.
Aplausos do PSD.
Ora, infelizmente, o problema está em que a qualidade das principais políticas públicas cede, com este
Governo, sempre à necessidade de alimentar a mentira do fim da austeridade e da derrota dos supostos
malfeitores do PSD e do CDS. A comprová-lo estão os resultados das dívidas, novamente a acumular no setor
da saúde, e o desinvestimento na generalidade dos programas orçamentais.
Prometeu-se há, dois anos, um reexame da despesa pública que trouxesse uma inteligente consolidação
estrutural. Foi nomeado um grupo de trabalho para o efeito e assumiu-se, no verão de 2016, o compromisso
com a Comissão Europeia de aproveitar as conclusões desse reexame para dar impulso à redução da despesa
pública e materializar com detalhe as poupanças vagas que então eram apresentadas como intenção política
do Governo.
Agora, que estamos a caminhar para 2018 e depois de a oposição ter, por diversas vezes, solicitado o
relatório e as conclusões desse trabalho, continuamos sem saber o que aconteceu, mas parece que as
poupanças poderão vir a atingir a fabulosa meta das três centenas de milhões de euros, o que quer dizer menos
do que a poupança em juros ou do que o impacto da diminuição do desemprego no orçamento da segurança
social.
Em conclusão, não houve qualquer seriedade no exercício e o Governo não fez qualquer esforço, sequer,
para o disfarçar. A prova é que não houve nenhum processo de reforma do Estado que suportasse a libertação
de poupanças significativas e, no final do dia, os serviços públicos ainda são obrigados a fazer mais com menos,
porque menos é o que sobra depois de o Estado pagar mais salários e prestações sociais.
Aplausos do PSD.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Os senhores estão mesmo preocupados, mas ainda não ouvi soluções!
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Já vai ouvir, Sr. Deputado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Com muito gosto!
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Sem reformar a atividade pública, o Governo pensa que, tocando a
rebate e atacando as responsabilidades do anterior Governo, consegue iludir a realidade. Mas a realidade é
simples: apesar da conversa, nenhuma reforma importante foi colocada em marcha ou está em preparação,
nem no Estado, na Administração Pública, nem na segurança social.
Da reforma do Estado ficam, infelizmente e apenas, as «mentirelas» que se sujeitam a desmentidos
constrangedores. O último veio hoje pela boca da Presidente do Infarmed ao dizer «não senhor, a transferência
deste organismo para o Porto não foi falada nem tão-pouco estudada antecipadamente por ninguém», ao
contrário do que haviam dito Primeiro-Ministro e Ministro da Saúde.
Aplausos do PSD.
Mas, sim senhor, este último, há pouco tempo, terá perguntado qualquer coisa do género «e se o Infarmed
fosse para o Porto?», mas os dirigentes pensaram que era uma brincadeira e não levaram a sério. Porém, uma
vez anunciado publicamente o propósito, parece que o Sr. Ministro terá garantido aos dirigentes que se tratava
apenas de uma intenção, não de uma decisão.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Agora o PCP está calado…