I SÉRIE — NÚMERO 23
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O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados,
Sr. Primeiro-Ministro: Este Conselho Europeu vai ser o último deste ano e tem na agenda temas tão relevantes
como o da defesa ou da reforma da zona euro, da análise das conclusões da Cimeira de Gotemburgo acerca
do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, que, aliás, saudamos, e ainda, mais uma vez, o tema das migrações.
Sr. Primeiro-Ministro, queria começar pelo tema da defesa, não confundindo o essencial com o acessório e
não trocando a forma pelo conteúdo.
É por isso, Sr. Primeiro-Ministro, que quero dizer-lhe, de forma clara, mais uma vez, qual é a posição do
CDS. O CDS é contra a existência de um exército europeu; o CDS é contra a institucionalização de um princípio
de especialização, em que cada exército tem uma função específica em detrimento das outras; o CDS é contra
a ideia de substituir a nossa participação na NATO, que é, aliás, a estrutura responsável por mais de 70 anos
de paz na Europa, por uma qualquer aliança europeia, uma espécie de NATO só de dimensão europeia.
Dito isto, Sr. Primeiro-Ministro, e como a Cooperação Estruturada Permanente não é nada disto, o CDS disse
desde o início, sem tibiezas, que apoiava a participação de Portugal nesta Cooperação. É por isso que ouvi-lo
aqui dizer que o CDS não tem uma posição clara sobre este tema só pode vir de um Primeiro-Ministro que tem
uma relação muito difícil com os factos e com a realidade.
Sr. Primeiro-Ministro, a sua intervenção aqui proferida confirmou aquilo que já sabíamos: sabíamos que o
Governo está a gerir este processo de forma errática, de forma leviana, de forma estúrdia, e que, numa matéria
em que, felizmente, o diálogo entre os partidos do arco atlântico tem sido uma constante da nossa política
externa, pela primeira vez temos um Governo que toma uma decisão sem envolver, sem apelar à participação
de outros partidos que, ainda por cima, quer no plano da NATO quer no plano europeu, comungam de um
conjunto de ideias.
A verdade, Sr. Primeiro-Ministro, é que o Governo, para proteger o Partido Comunista Português e o Bloco
de Esquerda, tentou adiar ao máximo uma decisão, e isso prejudicou a posição do Estado português.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Para nos proteger a nós?! Para se protegerem a eles!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — A verdade, Sr. Primeiro-Ministro, é que para não hostilizar o PCP e
o Bloco de Esquerda,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — O Sr. Deputado é um artista!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — … o senhor fechou a porta ao diálogo político parlamentar, ao
diálogo político entre forças que comungam de um arco atlântico.
E se não quer ouvir o que estamos a dizer, ouça, por exemplo, o que o Sr. Embaixador Seixas da Costa disse
quando classificou esta decisão do Governo português como um erro trágico face ao atraso,…
Protestos do Deputado do PCP Jorge Machado.
… ou ouça o Sr. Embaixador José Cutileiro, quando diz que o Governo, nesta matéria, agiu com
«incompetência».
O Sr. João Oliveira (PCP): — Que desculpa esfarrapada para fugirem à vossa responsabilidade!
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Por isso mesmo, Sr. Primeiro-Ministro, quero fazer-lhe uma pergunta
muito concreta.
No dia 10 de novembro, o Sr. Ministro da Defesa comprometeu-se a enviar ao Parlamento o Plano Nacional
de Implementação da CEP, isto é, o projeto específico que Portugal tem para participar nesta Cooperação
Estruturada Permanente. A pergunta que lhe faço é se o Governo vai ou não honrar a sua palavra. O Governo
vai ou não cumprir aquilo que prometeu? Vai ou não vai envolver o Parlamento no Plano Nacional de
Implementação da CEP, enviando esse plano à Assembleia?