I SÉRIE — NÚMERO 25
50
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Antes de mais, quero cumprimentar
a FNE, como responsável por estas petições que aqui discutimos agora, e a todos os trabalhadores e
trabalhadoras da escola pública que a assinaram.
Temos duas petições que vamos discutir hoje neste ponto, sendo que uma tem a ver com o descongelamento
das carreiras dos professores e dos trabalhadores não docentes e o reposicionamento na carreira. Ora, o
descongelamento foi entretanto garantido, finalmente, pelo Orçamento do Estado, pelo que essa matéria está
hoje resolvida com felicidade para o direito destes trabalhadores e destas trabalhadoras.
Em relação à contagem de tempo de serviço dos docentes e o devido reposicionamento, é uma das matérias
que estará em negociação sindical, ainda esta semana.
O Bloco de Esquerda tem uma posição conhecida sobre isso e apresentou uma proposta para a
contabilização integral do tempo de serviço no reposicionamento em Orçamento do Estado. Essa proposta não
foi aprovada nos termos em que o Bloco de Esquerda propôs, mas estaremos atentos às negociações que se
desenrolarem com os sindicatos e traremos aqui nova proposta, se acharmos que é necessário, para garantir o
direito destes docentes à contabilização integral do seu tempo de serviço para efeitos de progressão na carreira.
Há uma segunda matéria, que tem a ver com o restabelecimento das carreiras dos não docentes, em que se
solicita que se inicie um processo de negociação para o estabelecimento de carreiras especiais para os
trabalhadores não docentes. Esta é uma matéria muito séria, sobre a qual o Parlamento deveria debruçar-se
com atenção e sem preconceitos ou sectarismos à partida.
Por isso, no seu projeto, o Bloco de Esquerda, em primeiro lugar, propõe avaliar quais foram as
consequências na qualidade da educação e na atenção que se dá aos alunos da fusão das carreiras dos
trabalhadores não docentes na escola pública.
É preciso compreender que dentro de uma escola há pessoas que são responsáveis pelos alunos — por
tudo, desde a sua educação até ao seu bem-estar a partir do momento em que eles saem da porta da sala de
aula. E essas pessoas são estes trabalhadores.
Assim, se pensarmos nas consequências da inexistência de carreiras específicas para estes trabalhadores
podemos refletir de imediato sobre duas: por um lado, as tão faladas refeições escolares, com a necessidade
de concessionar a privados com prejuízo para a qualidade da comida, com prejuízo para a educação alimentar,
porque se acabou com a carreira específica de cozinheiro, uma das que seria tão necessário recuperar, e, por
outro lado, o acompanhamento dos alunos com necessidades educativas especiais, função que todos
reconhecemos que é tão particular, que precisa de uma formação tão específica, de uma atenção e de um
cuidado tão específicos que deveria, naturalmente, corresponder a uma carreira e a um reconhecimento da
carreira também específico.
Ora, estes trabalhadores não são indiferenciados no trabalho que desempenham todos os dias e não podem
ser indiferenciados na maneira como olhamos para eles.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, já ultrapassou o seu tempo. Peço-lhe para concluir.
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Por isso, estando estas necessidades identificadas, o Bloco de Esquerda
propõe aquilo que os peticionários pedem, ou seja, que se abra um processo negocial para o reconhecimento
destas carreiras específicas e que eles tenham também acesso à formação específica para as funções que
desempenham.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em primeiro lugar, o Grupo
Parlamentar de «Os Verdes» gostaria de saudar todos os peticionários das petições n.os 214/XIII (2.ª) e 273/XIII
(2.ª) e dirigir também um cumprimento especial à FNE pela mobilização relativamente a estas petições.
De facto, estas petições incidem fundamentalmente sobre a matéria do descongelamento da progressão na
carreira e também sobre as carreiras específicas do pessoal não docente.