21 DE DEZEMBRO DE 2017
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significa, Sr. Primeiro-Ministro? É que, pelos vistos, vale a pena prevaricar, porque compensa. Portanto, a
solução não passa por aí.
Sr. Primeiro-Ministro, os CTT apresentam agora um plano de reestruturação, despedimento de
trabalhadores, encerramento de balcões — a mesma lógica de sempre — e o Sr. Primeiro-Ministro, perante isso,
chega aqui e diz: «Ainda não chegou nada ao Governo, portanto, por agora, a questão, para o Governo, pura e
simplesmente, não se coloca».
Faz mal em dizer isso, Sr. Primeiro-Ministro — digo-lho, em nome de Os Verdes —, e faz mal, porque menos
quantidade de trabalhadores e balcões significa menos qualidade do serviço prestado.
Portanto, Sr. Primeiro-Ministro, aquilo que lhe peço hoje que faça é que, no mínimo dos mínimos, manifeste
uma enormíssima preocupação com o que foi tornado público, de despedimentos e encerramento de balcões
dos CTT.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem a palavra, para responder, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, creio que logo na primeira
questão que me foi colocada pela Sr.ª Deputada Catarina Martins manifestei a minha grande preocupação com
o tema, mas não me posso pronunciar sobre um plano de reestruturação que não foi apresentado ao Governo
e de que se ouve falar na comunicação social, onde também já ouvi os CTT desmentirem que ele exista nos
termos em que foi noticiado. Portanto, quando ele for apresentado, nós apreciá-lo-emos, mas aquilo que, para
nós, agora, é absolutamente essencial é assegurar não que a multa seja maior ou menor mas que não haja
multa, porque não existe sequer incumprimento, e que os serviços e a qualidade dos serviços dos CTT
continuem a melhorar.
Nunca me esquecerei de que, ainda há poucos anos, o nosso serviço de correios tinha o segundo melhor
desempenho na avaliação da União Postal Universal.
É esse nível de qualidade que temos de exigir aos CTT. Sejam eles privados ou não, aquilo que têm de ter
é esse nível de qualidade e de serviço às populações. É isso que é exigível e é isso que temos de exigir.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para pedir esclarecimentos adicionais, tem a palavra a Sr.ª
Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, é esse nível de qualidade que
Os Verdes consideram que só é garantido se se reverter a privatização e houver um controlo público do serviço
postal em Portugal, porque é isso que a história nos diz. E agora não se está, de facto, a conseguir esse nível e
essa qualidade dos serviços.
Sobre o caso da Associação Raríssimas, Sr. Primeiro-Ministro, trata-se de um caso que, obviamente, chocou
o País.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Já está tudo explicado, com certeza!…
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Acautelar que os utentes da instituição não ficam prejudicados e
sem resposta é absolutamente fundamental.
O Sr. Primeiro-Ministro diz que não se podem pôr em causa as IPSS a partir de um caso concreto. É bem
verdade, Sr. Primeiro-Ministro, mas também é normal que fique uma desconfiança relativamente à forma como
algumas instituições funcionam e até em relação à forma como o Estado se desresponsabiliza de algumas das
suas funções para as passar para as IPSS. É normal, é legítimo que acabe por ficar essa dúvida.
Aquilo que pergunto é o seguinte: não é, então, normal que, perante este caso concreto, e perante estas
dúvidas legítimas, haja um reforço dos mecanismos de controlo em relação àquelas instituições onde o Estado
injeta dinheiros públicos?