I SÉRIE — NÚMERO 29
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O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — São dinheiros públicos, são dinheiros de todos nós e, portanto,
esses mecanismos de controlo fazem todo o sentido.
Vou mesmo terminar, Sr. Presidente, só com esta frase: Sr. Primeiro-Ministro, continuam a chegar à
Assembleia da República queixas concretas quanto ao atraso nos apoios relacionados com os incêndios de
Pedrógão Grande e de 15 e 16 de outubro. Gostava que o Sr. Primeiro-Ministro pudesse fazer aqui um balanço
relativamente a esses apoios que são prestados, porque, na verdade, a Assembleia da República continua a
tomar conhecimento desses atrasos e dessa insatisfação. De facto, esta calamidade enormíssima que
aconteceu no País requer uma resposta rápida, para que a vida daquelas pessoas possa, tão depressa quanto
possível, voltar àquilo que, possivelmente, se poderá chamar «normalidade».
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, agradeço as suas questões.
Em primeiro lugar, quanto à Raríssimas, toda a ação de fiscalização deve ser feita e, por isso, temos de a
intensificar. Como eu já disse, nos últimos dois anos houve mais de 1615 ações inspetivas às IPSS.
No entanto, convém não confundir aquilo que é a atuação de uma dirigente com a própria instituição nem
confundir essa instituição com o conjunto das IPSS. É que há empresas onde também há problemas de
legalidade, há municípios onde também há problemas de legalidade, há serviços do Estado onde também há
problemas de legalidade e não podemos diabolizar tudo.
Se houve alguma ilegalidade cometida, quer a função inspetiva, quer a função da justiça devem atuar e tudo
deve ser apurado e esclarecido.
Mas, como disse, não podemos deixar de preservar uma instituição que sempre mereceu a consideração de
toda a gente, que tem um trabalho de grande qualidade relativamente às crianças que tem a seu cargo e cujo
serviço é absolutamente essencial salvaguardar, e todos temos o dever de o salvaguardar. É isto que tem de
ser feito.
Sr.ª Deputada, vou enviar, por escrito, um documento com o conjunto dos apoios que têm vindo a ser
concedidos nos diferentes domínios — reconstrução de empresas, reposição da capacidade produtiva aos
agricultores, alimentação animal, reconstrução das habitações, apoios sociais de emergência —, porque é
necessário tornar tudo claro, caso contrário, muitas vezes, andamos no mundo da confusão.
Há pouco, uma Sr.ª Deputada perguntava-me por que é que ainda não se pagaram os 70 000 € de
indemnização mínima fixados pelo Conselho. Por uma razão essencial: até agora, ainda não houve um único
pedido de indemnização que tivesse dado entrada na Provedoria de Justiça.
Protestos do CDS-PP.
Está, aliás, estabelecido, com a Sr.ª Provedora de Justiça que, primeiro, o facto de haver um pagamento
antecipado não compromete a legitimidade dos interessados, de poderem, afinal, recorrer para tribunal se não
vierem a concordar com a indemnização final fixada pela Provedora de Justiça, e, em segundo lugar, fica
também salvaguardado que esse montante adiantado será, naturalmente, deduzido ao montante final da
indemnização. É isto que está esclarecido com a Associação de Vítimas, com quem mantemos contacto regular,
e é o que está estabelecido com a Sr.ª Provedora de Justiça. Porém, há uma condição fundamental: a de que
haja formulação do pedido de indemnização, para que a Provedoria de Justiça possa tramitar os pedidos e fixar
a indemnização e para que o Estado possa pagar.
O Sr. Ministro das Finanças está em condições de pagar imediatamente, a Sr.ª Provedora de Justiça já
assegurou que tem condições de apreciar os pedidos com grande celeridade, assim lhe sejam apresentados, e
também posso dizer aqui, porque não quebro nenhuma confidencialidade, que a Associação de Vítimas reuniu
no passado sábado e entende estarem, neste momento, reunidas as condições para poderem formular o pedido,