I SÉRIE — NÚMERO 33
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O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, é evidente que o Governo
definiu um plano de contingência ainda na primavera passada e que o tem vindo a implementar. Esse plano de
emergência prevê que possamos abrir até mais 1288 camas e permitiu que tenhamos já alargado a cerca de
160 centros de saúde a extensão de horários para laboração quer após as 20 horas quer ao fim de semana e
que tenha sido ampliada a capacidade de resposta da linha SNS 24.
Da mesma forma, neste ano houve um aumento de 20% na vacinação contra a gripe, tendo-se alargado os
grupos de risco, designadamente, à população com diabetes e aos bombeiros, que estão em contacto direto
com os doentes, de forma a podermos aumentar a prevenção do risco da gripe.
Eu próprio, no sábado passado, tive a oportunidade de visitar com o Sr. Ministro da Saúde um dos grandes
hospitais do País, um dos principais centros de saúde da região e a linha SNS 24 e de testemunhar o enorme
esforço que as administrações regionais de saúde e os profissionais de saúde estão a fazer para responder a
este pico de gripe, que é particularmente intenso e particularmente gravoso nas suas consequências mas a que,
felizmente, o Serviço Nacional de Saúde está a conseguir dar resposta.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Vou concluir, Sr. Presidente.
Se me pergunta se em 24 horas por dia, nos 365 dias por ano, em todos os hospitais e em todos os centros
de saúde não há situações de rutura onde se verifiquem situações como essa das macas nos corredores, claro
que haverá. Mas felizmente essa não é a regra e o Serviço está a ser capaz de responder a esta situação de
pico violento que estamos a atingir.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Em nome de Os Verdes, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia para formular
perguntas.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, queria agarrar justamente
nesta última resposta que acabou de dar sobre a matéria da saúde para dizer o seguinte: quando os portugueses
ouviram, no final do ano passado, a Direção-Geral da Saúde dizer que o sistema de saúde está preparado para
responder aos casos de gripe que surgirem e ouvem o Sr. Primeiro-Ministro dizer exatamente o mesmo, em
declarações públicas que fez, não esperam encontrar uma realidade caótica nas urgências.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Isso é perceção!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — A verdade é que parece que isso está a acontecer e que não são
casos assim tão pontuais. Há profissionais muitíssimo competentes que, como diz o Sr. Primeiro-Ministro, estão
a fazer tudo o que podem e o que não podem para dar resposta, mas que estão completamente arrasados pelas
horas contínuas de trabalho que têm de fazer, nas circunstâncias em que têm de o realizar, há adiamento de
cirurgias porque faltam camas de internamento, há corredores lotados com macas.
Portanto, Sr. Primeiro-Ministro, esta é, de facto, uma situação que nos leva a questionar se os planos de
contingência adotados são ou não suficientes para dar resposta a esta situação. Se disséssemos que esta é
uma situação que nunca aconteceu em Portugal, que não a esperávamos, que é completamente inesperada,
era uma coisa. Mas não, Sr. Primeiro-Ministro, isto acontece ano após ano, nuns anos com mais intensidade e
noutros com menos intensidade.
É preciso, de facto, antecipar respostas adequadas para que isto não venha a acontecer. Por exemplo,
relativamente à contratação desses médicos especialistas e de enfermeiros, porque não antecipar essa
contratação? Que respostas, afinal, Sr. Primeiro-Ministro, é que podem ser dadas para não estarmos a assistir
a este caos?