I SÉRIE — NÚMERO 36
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do Governo sobre os referidos dados e o tratamento desses dados pelo Governo. Ou seja, em relação à
informação, sabê-la-emos lá para fevereiro, mas, ainda antes de termos a informação, já temos aqui, prontinha
a consumir, a opinião que devemos ter sobre a informação.
Aplausos do CDS-PP.
Chama-se a isto a «estalinização» da comunicação…
Risos do BE e do PCP.
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Que vergonha!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — … e, também, a antítese do que deve ser o sistema de ensino. É que,
se os alunos devem pensar pela sua própria cabeça, também, com certeza, todos nós devemos pensar pela
nossa própria cabeça.
Portanto, pela minha parte, digo ao Governo: muito obrigada por me dizerem o que devo pensar, mas prefiro
que me deem os dados e me deixem, a mim, tirar as conclusões que eles me permitam tirar.
Aplausos do CDS-PP.
Em segundo lugar, e também ponto fundamental: o CDS trouxe aqui alguns factos que nos fazem pensar,
mas que nos chamam também a agir.
Facto um: a taxa de retenção no 2.º ano é de 9%, o que significa que, em cada ano, há mais de 8000 crianças
de 7 anos que não estão a ser ensinadas, nem a ler nem a escrever, nem lhes estão a ensinar os rudimentos
da Matemática. Vale a pena o Parlamento olhar para isto? Sim ou não?
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Bem-vinda à preocupação!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Facto dois: já no final do 2.º ciclo, aos 11 anos, mais de um em cada
três alunos têm pelo menos uma negativa e cerca de 7000 têm três ou mais negativas.
Facto três: no 6.º ano, 30% dos alunos têm negativa a Matemática e, se considerarmos os mais
desfavorecidos, a percentagem sobe para 48%.
Facto quatro e, neste caso, ao contrário dos anteriores, um facto positivo: soubemos recentemente que a
percentagem de alunos do 9.º ano que, sem chumbos no seu percurso, teve nota positiva nos exames do ensino
básico aumentou, no ano letivo passado, para 46%. São alunos que entraram para o 7.º ano no ano letivo de
2014/2015, que fizeram exames de 6.º ano e que aprenderam com as metas curriculares.
O CDS trouxe estes factos e achava que valia a pena meditar sobre eles. Em vez disso, o Sr. Ministro, na
sua intervenção, dedicou-se, sobretudo, ao passado.
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Não é verdade!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — As primeiras palavras do Sr. Ministro, aliás, quase todas as suas
palavras são sobre o passado, tem algumas sobre o presente e do futuro quase nunca fala.
O Sr. Ministro da Educação: — Não é verdade!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Isto, Sr. Ministro, é preocupante para qualquer político, mas para o
Ministro da Educação, que é aquele que mais afeta o nosso futuro, é particularmente preocupante.
Mas, Sr. Ministro, na sua intervenção, também não deixou de ser surpreendente que tenha dito o que está
melhor face a 2015. E — pasme-se! — o Sr. Ministro falou, sobretudo, do orçamento. Ou seja, quando todas as
semanas temos notícias da falta de dinheiro nas escolas para as coisas mais fundamentais, o Sr. Ministro acha
que está tudo extraordinário; quando temos as notícias que temos sobre o facto de não haver dinheiro para o