I SÉRIE — NÚMERO 37
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Sabemos perfeitamente que os trabalhadores são a parte mais fraca e concordamos com a sua defesa, o
que não podemos fazer, na nossa opinião, é prever e aceitar, sobretudo, que se retire a capacidade de decisão
aos trabalhadores.
Portanto, aquilo que temos para dizer a esta Câmara, muito francamente, é que estamos disponíveis, como
sempre estivemos, para aprofundar o debate, para analisar e afinar as questões, seguindo aquilo que foi aqui
dito pelo Bloco, no sentido de melhorar a defesa dos trabalhadores, mas, caso a proposta não baixe à Comissão,
teremos de votar contra.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Susana Lamas, do PSD, para
uma intervenção.
A Sr.ª Susana Lamas (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Bloco de Esquerda vem aqui, hoje,
propor, com o projeto de lei n.º 302/XIII (2.ª), que se elimine a possibilidade de, por acordo, serem afastados os
requisitos legais da mobilidade funcional e da mobilidade geográfica do trabalhador.
Ora, os artigos do Código do Trabalho agora em discussão, os artigos 120.º e 194.º, estabelecem as regras
no que concerne à mobilidade funcional, bem como à transferência do trabalhador para outro local de trabalho.
Ambos os preceitos legais admitem a possibilidade de as partes, trabalhador e empregador, chegarem a um
acordo, acordo este que vai no sentido de, no que respeita ao artigo 120.º, ser alargada ou restringida a
faculdade concedida ao empregador de encarregar o trabalhador de exercer temporariamente funções não
compreendidas na atividade contratada e, no que se refere ao artigo 194.º, alargar ou restringir a possibilidade
de transferir o trabalhador para outro local de trabalho, em ambos os casos cumprindo sempre as regras
legalmente estipuladas.
Sr.as e Srs. Deputados, o que o Bloco de Esquerda pretende é eliminar essa possibilidade de as partes
envolvidas, ou seja, trabalhador e empregador, chegarem a um acordo, a um consenso.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Mentira!
A Sr.ª Susana Lamas (PSD): — E porquê? Porque é que o Bloco de Esquerda não admite esta possibilidade
de consenso, de acordo entre as partes?
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Mentira!
A Sr.ª Susana Lamas (PSD): — Porque o Bloco de Esquerda continua a encarar a relação laboral como uma
relação de desconfiança, de permanente luta e conflito entre as partes.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Susana Lamas (PSD): — Aliás, os termos usados na exposição de motivos deste projeto de lei são
bem elucidativos desta postura radical.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Exatamente!
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Susana Lamas (PSD): — Mas tem de haver confiança e boa-fé, Srs. Deputados, pois o que seria das
empresas se as relações entre os trabalhadores e os empregadores não fossem sustentadas em princípios de
boa-fé e de confiança mútua?
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!