20 DE JANEIRO DE 2018
9
O Partido Comunista Português ainda não percebeu…
O Sr. António Filipe (PCP): — Já, já!
O Sr. Maurício Marques (PSD): — … que as áreas que mais aumentaram nos últimos anos, em Portugal,
foram exatamente as áreas de matos e incultos, justamente por falta de rentabilidade da floresta. Por isso, vem
apresentando medidas que, a serem implementadas, mais abandono provocariam no verdadeiro mundo rural.
O projeto de resolução n.º 993/XIII (2.ª) é um verdadeiro atentado à iniciativa privada e a um setor que, apesar
de todas as vicissitudes, muito acrescenta à economia nacional.
Neste projeto de resolução, o Partido Comunista Português consegue afrontar todos aqueles que
acrescentam valor aos produtos florestais, nomeadamente produtores, madeireiros e a indústria transformadora.
Compreendemos que o Partido Comunista Português queira estatizar toda uma fileira, geradora de riqueza
e criadora de milhares de postos de trabalho, tal como o fizeram noutros tempos. Aguardamos para ver as
reações dos seus parceiros da atual maioria.
O Sr. João Ramos (PCP): — Quando é que isso foi? Quando?
O Sr. Maurício Marques (PSD): — Como tivemos oportunidade de referir, são as piores razões que nos
trazem a produzir uma abundância legislativa parlamentar sobre a floresta.
Se os incêndios de 2016 foram graves, os de 2017 foram um flagelo, foram trágicos os acontecimentos
ocorridos.
Como já se disse, o Instituto Nacional de Estatística vem revelar que as ações de prevenção foram
substancialmente diminuídas com a atual maioria, com as consequências que se conhecem.
Reconhecemos, no entanto, que a carga de combustível existente na floresta aumenta substancialmente o
perigo e o risco de propagação de incêndios florestais.
O projeto de resolução n.º 994/XIII (2.ª), apresentado pelo PCP, recomenda ao Governo que crie um
programa para redução e controlo de biomassa florestal. É nosso entendimento que a carga de combustível
deve ser reduzida por diversas vias, devendo ser acompanhada e monitorizada a sua existência.
Já o projeto de resolução n.º 1231/XIII (3.ª), apresentado pelo CDS, vem recomendar ao Governo que
promova um programa de promoção e utilização de biomassa agroflorestal para autoconsumo. Se
compreendemos a intenção, duvidamos da sua aplicabilidade prática.
A utilização direta pelo consumidor de biomassa agroflorestal tem demasiados riscos associados, pois o
poder calorífico de tais resíduos é demasiado baixo, o que obrigaria, contrariamente ao que é dito, à existência
de geradores térmicos de grande dimensão.
Reconhecemos que temos que valorizar os subprodutos, assim como a biomassa florestal, de forma a reduzir
os riscos de incêndios, utilizando esta matéria combustível de forma indireta, por exemplo, através de péletes.
É esta a nossa intenção: tudo fazer para reduzir a biomassa existente no seio da floresta de forma a aumentar
a sua resiliência aos fogos.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Joaquim Barreto, do Grupo
Parlamentar do PS.
O Sr. Joaquim Barreto (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Vamos, uma vez mais, retomar o
debate sobre a floresta, na sequência dos projetos de resolução do PCP e do CDS-PP.
É com grande satisfação que participo neste debate. Perdoar-me-ão esta pequena nota biográfica, mas não
resisto em tornar público o meu interesse, o meu percurso profissional e político com os pés sempre assentes
nos meios rurais do interior e, em particular, nos territórios com florestas que sempre defendi, assim como as
suas gentes.
Agora, é tempo de ação!