I SÉRIE — NÚMERO 43
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O gráfico, obviamente, não é para o Governo, é, basicamente, para o CDS e o PSD, e é muito fácil de ler.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Eles são curtos de vista!
O Sr. Paulo Trigo Pereira (PS): — Este gráfico refere-se ao rácio do investimento público no PIB e mostra
o que aconteceu em 2010, em 2011, em 2012, em 2013 e em 2014. Ou seja, por palavras muito simples, todos
os economistas e todas as pessoas sabem que, quando um Governo necessita de fazer consolidação
orçamental, corta dramaticamente o investimento público. Isto foi feito! Nós, agora, estamos a retomar o
investimento público, mas não chega.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — E vai daí…
O Sr. Paulo Trigo Pereira (PS): — Obviamente, o investimento público não vai chegar e, por isso,
precisamos do investimento privado nacional e do investimento direto estrangeiro, que vão potenciar o
crescimento económico e o emprego.
Dito isto, as questões fundamentais são estas, Sr. Primeiro-Ministro: o que é que, quer na perspetiva de
contactos feitos, eventualmente, em Davos, quer daquilo que está a ser feito, neste momento, pelo Governo, vai
promover o investimento privado e o investimento direto estrangeiro? É que, de facto, a questão fundamental
que se vai colocar na segunda parte da Legislatura é o crescimento económico pois o crescimento económico
gera emprego e bem-estar social. E, para além de continuarmos a trajetória correta, e que todos os portugueses
reconhecem de consolidação das finanças públicas, de redistribuição do rendimento e reposição de direitos que
este Governo cumpriu na primeira parte da Legislatura, nós, no PS, no Grupo Parlamentar e no Governo, nesta
segunda parte da Legislatura, estamos empenhados em promover o crescimento, o investimento e o emprego
e para isso é fundamental que haja este estímulo ao investimento.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Paulo Trigo Pereira, a melhoria da economia
mundial aumenta, obviamente, as oportunidades para a internacionalização da nossa economia e para
continuarmos a crescer com base nas exportações.
As exportações, no último ano, cresceram 11% e temos tido a capacidade de manter uma atratividade cada
vez mais elevada de investimento estrangeiro. Posso dizer-lhe que, neste momento, estão em processamento
na AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal) cerca de 1000 milhões de euros de
intenções de investimento direto estrangeiro em Portugal.
Em primeiro lugar, este investimento direto estrangeiro começou com as empresas que há muitas dezenas
de anos, algumas até há mais de um século, estão em Portugal, ou seja, as empresas que nos conhecem bem
e, por isso, confiam no nosso País. Refiro-me a empresas como a Siemens, a Bosch, a Continental/Mabor, a
Volkswagen, que têm aumentado consecutivamente os seus investimentos em Portugal. E é importante que
assim seja, porque a atração do investimento direto estrangeiro ajuda a suprir a falta de capital nacional e é um
forte contributo para podermos investir.
Em segundo lugar, é fundamental que as empresas nacionais tenham melhores condições para investir. Por
isso, a primeira prioridade que estabelecemos, neste Governo, foi a de pôr em execução os fundos comunitários
destinados às empresas. Convém nunca esquecer que, no dia em que o anterior Governo cessou funções, só
tinham chegado às empresas 4 milhões de euros de fundos comunitários para apoio ao investimento. A primeira
meta fixada, e que anunciei aqui no debate do Programa do Governo, foi a de, nos primeiros 100 dias,
colocarmos 100 milhões de euros nas empresas. E cumprimos! Passámos depois para a meta dos 400 milhões
de euros até ao final do ano. A meta seguinte, no ano passado, era a de conseguirmos executar 1000 milhões
de euros, e esta meta não foi atingida em dezembro, foi atingida logo em setembro, razão pela qual, no ano
passado, conseguimos colocar nas empresas 1350 milhões de euros de apoio ao investimento.