3 DE FEVEREIRO DE 2018
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nas galerias da Assembleia da República, e os mais de 7000 subscritores pela dinamização da petição que nos
encontramos hoje a discutir.
A criação de um grupo de recrutamento de docentes de Língua Gestual Portuguesa é uma reivindicação de
há muitos anos e é uma matéria sobre a qual o PCP também tem intervindo ao longo dos anos, colocando
perguntas e apresentando iniciativas. Portanto, é uma reivindicação que acompanhamos desde sempre.
Trata-se também de uma condição fundamental para a dignificação e a valorização desta disciplina e destes
trabalhadores, que, ano após ano, têm vindo a ser contratados com vínculos precários quando respondem a
necessidades permanentes das escolas.
Assinalamos o acordo global alcançado entre o Governo e os sindicatos, designadamente a FENPROF, em
relação à criação do grupo de recrutamento de Língua Gestual Portuguesa.
No entanto, não podemos deixar de dizer que o tempo de serviço anterior à profissionalização prestado em
funções docentes, como é facilmente comprovável, deve ser contabilizado para efeitos de carreira. Aliás, esta
questão abrange não só os docentes de Língua Gestual Portuguesa, como todos os casos em que o tempo de
serviço releve para efeitos de carreira.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª AnaMesquita (PCP): — No caso concreto dos docentes de Língua Gestual Portuguesa, a injustiça
da não contabilização do tempo anterior à profissionalização chega a ter contornos perfeitamente gritantes,
como é o exemplo de uma docente com 33 anos de serviço, que, a manter-se a não contabilização deste tempo
anterior à profissionalização, entrará para a carreira com zero anos de serviço — zero, Sr.as e Srs. Deputados!
—, apesar de ter cumprido funções docentes durante 33 anos, com avaliação e com currículo letivo da disciplina
homologado pelo Ministério da Educação.
De facto, esta é uma questão de elementar justiça, porque se trata do tempo de trabalho destes profissionais
e do reconhecimento do valor desta disciplina. Além disso, esta é uma luta de há muito tempo e que não diz só
respeito aos casos relacionados com a Língua Gestual Portuguesa, também diz respeito aos casos dos docentes
que são contratados como técnicos mas que respondem a funções docentes e aos casos em que é preciso criar
urgentemente os grupos de recrutamento de teatro e expressão dramática, bem como os de intervenção
precoce.
O Partido Comunista Português revê-se na reivindicação apresentada pelos docentes, pela FENPROF e pela
AFOMOS na defesa da Língua Gestual Portuguesa e da sua valorização, sublinhando que é preciso ter em
conta o tempo de serviço anterior à profissionalização.
Aplausos do PCP e da Deputada do BE Joana Mortágua, que os expressou em Língua Gestual Portuguesa.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria
Manuela Tender.
A Sr.ª MariaManuelaTender (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Permitam-me que inicie a
minha intervenção com uma saudação muito particular, em nome do Grupo Parlamentar do PSD, aos 7331
peticionários que subscreveram a petição n.º 345/XIII, que solicita a criação de um grupo de recrutamento para
a Língua Gestual Portuguesa, petição apresentada a esta Câmara pela FENPROF e pela AFOMOS, uma
organização que representa os docentes de Língua Gestual Portuguesa.
Saúdo também, de forma particular, os representantes das associações que se encontram presentes nas
galerias a assistir à sessão e agradeço os contributos e a iniciativa de participação cívica, o compromisso coletivo
com a inclusão de alunos surdos, a dignificação, o reconhecimento, a valorização dos profissionais docentes de
Língua Gestual Portuguesa e a qualidade, exigência e alargamento do ensino da Língua Gestual Portuguesa
constitucionalmente consagrada como a terceira língua oficial do País e cuja proteção e valorização compete ao
Estado.
Segundo a Constituição da República Portuguesa, incumbe ao Estado «proteger e valorizar a Língua Gestual
Portuguesa, enquanto expressão cultural e instrumento de acesso à educação e de igualdade de
oportunidades».