8 DE FEVEREIRO DE 2018
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Da parte da maioria, infelizmente, na história mais recente dos consensos, também não há muito para contar:
concorde ou não a esquerda com a iniciativa, proposta que não venha desse lado tem tido, quase sempre, o
mesmo destino — o caixote do lixo.
E essa é a maior e mais importante reflexão que a esquerda deste Plenário tem de fazer e a que nós
apelamos. Se não a bem da democracia, ao menos pelos portugueses, que nos confiaram o nosso mandato e
que esperam de nós um bocadinho mais.
Aplausos do CDS-PP.
Um dos exemplos mais surpreendentes desta política canhestra é o chumbo sistemático das iniciativas
relativas à proteção dos idosos, que debateremos, novamente, na próxima sexta-feira.
Vivemos no mundo do imediatismo, do desconhecimento do outro, onde os mais velhos são, frequentemente,
não só esquecidos e abandonados à sua sorte, como, pior, são destratados e maltratados, violentados física e
psicologicamente, vistos ou como um estorvo para a família ou aos quais a família não consegue responder, e
nem sempre socorridos prontamente pelo Estado.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — É verdade!
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — O modelo de sociedade que queremos construir, em que 20% da
nossa população tem mais de 65 anos, não ignora ou desiste dos mais velhos, antes os envolve e ajuda,
assegurando-lhes cuidados e proteção. Um modelo de sociedade em que proteger e ajudar a viver em dignidade
e sem sofrimento são, para nós, as palavras de ordem. Daí que, entre outras propostas, proponhamos que o
abandono intencional — e sublinho a palavra «intencional» — de idosos em hospitais e lares ilegais ou o
aproveitamento de vantagem económica de idoso passem a ser crime, agravando também as penas dos crimes
de burla e injúrias contra idosos.
Defendemos, também, que não possam ser herdeiros os que cometam o crime de exposição ou abandono
ou que violem a obrigação de alimentos, acrescentando, assim, ao rol das causas de indignidade sucessória
estes crimes que agora acabo de expor.
Estas são as nossas propostas, o modelo de sociedade em que queremos viver, e que não está longe daquilo
que quer a sociedade civil e as suas instituições. Parece que as únicas pessoas que não querem nada — nem
isto nem qualquer outra coisa — é esta maioria, e isso devia fazê-los corar de vergonha!
Vamos aos consensos. Vamos às soluções. Honremos este Parlamento!
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, inscreveram-se quatro Deputados para formularem pedidos de
esclarecimento. Como pretende responder?
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Sr. Presidente, responderei a conjuntos de dois.
O Sr. Presidente: — Com certeza.
Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Teresa Morais, do PSD.
A Sr.ª Teresa Morais (PSD): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Vânia Dias da Silva, saúdo o CDS pelo tema
que escolheu para a sua declaração política, na qual sublinhou o marasmo do Governo em matéria de legislação
na área da justiça, com especial ênfase, que gostaria de dar, à questão da proteção dos idosos.
Queria lembrar que, logo em dezembro de 2015, o PSD e o CDS apresentaram iniciativas conjuntas
precisamente sobre o regime das incapacidades e sobre a necessidade de reforço da tutela penal relativamente
a comportamentos de que os idosos são vítimas.
O destino dessas propostas conjuntas foi o chumbo por parte do Partido Socialista e dos seus colegas de
coligação e, desde então, outra coisa não aconteceu nesta Câmara que não fosse os chumbos sucessivos das