I SÉRIE — NÚMERO 45
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iniciativas do CDS e do PSD nestas matérias por parte da coligação negativa que aqui se formou para reprovar
tudo aquilo que propusemos em matéria de proteção e promoção dos direitos dos idosos.
Dou como exemplo aquilo que se passou em volta de um plano nacional ou de uma estratégia para o
envelhecimento — o CDS chamou-lhe estratégia, nós, PSD, chamámos-lhe plano nacional para o
envelhecimento positivo —, mas haveria muitos outros exemplos, como, de resto, a Sr.ª Deputada sublinhou.
Nessa altura, a explicação que se repetiu ao longo do tempo foi sempre a mesma: o Governo estaria a legislar
sobre essa matéria e, portanto, não se justificava aprovar as nossas iniciativas. Mas passaram dois anos e a
verdade é que, em matéria de legislação produzida por este Governo nessas áreas, o que temos é zero!
Em relação à questão das incapacidades das pessoas em geral e da proteção dos idosos em especial,
conhece-se agora um projeto feito sobre uma proposta de académicos, entregue há um ano ao Governo, que
de projeto não passou.
Em matéria de estratégia para o envelhecimento, esteve em consulta pública um projeto de estratégia que
de tal também não passou até hoje.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Teresa Morais (PSD): — Termino já, Sr. Presidente.
Sr.ª Deputada Vânia Dias da Silva, a minha pergunta é a seguinte: do ponto de vista do CDS, qual é a
explicação para a total irrelevância que o Governo do Partido Socialista atribui a estas matérias?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Também para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Manuel
Pureza, do Bloco de Esquerda.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Vânia Dias da
Silva, cumprimento-a, naturalmente, por ter trazido ao nosso debate o tema da justiça e das reformas
necessárias no sistema de justiça.
Mas, na verdade, algumas das afirmações que a Sr.ª Deputada aqui fez merecem alguma preocupação da
nossa parte. Convoca-nos a Sr.ª Deputada para todos os consensos que sejam possíveis. Claro, mas o
problema que se põe sempre não é sobre os consensos em si mesmo, mas sobre o conteúdo desses consensos.
Queremos consenso para quê, para mudar o quê e em que sentido? Essas é que são as nossas questões.
Confesso que quando a Sr.ª Deputada enunciou os princípios, as prioridades que neste momento é possível
ao CDS apontar, creio que as enunciou de uma forma demasiadamente vaga, porventura por falta de tempo.
Admito que seja isso.
Falou de justiça cara e lenta, mas olhamos para trás e vemos como o CDS esteve tão implicado no
encerramento de tribunais, contribuindo para uma justiça necessariamente mais cara para tantas pessoas que
deixaram de ter acesso à justiça por essa razão!
Ouvimo-la falar da falta de meios técnicos e humanos, mas perguntamo-nos: «Bom, mas quando o CDS foi
Governo, quantos funcionários judiciais, quantos oficiais de justiça é que admitiu no sistema?»
Sem dúvida nenhuma que há aqui algo que temos de discutir. Cremos que essas prioridades sejam para
levar a sério e não sejam uma espécie de ato de arrependimento, que só fica bem, naturalmente, ao CDS.
Sr.ª Deputada, já agora, não queria deixar de considerar a sua referência à questão dos idosos, que, como
já aqui foi dito — e a Sr.ª Deputada referiu-o na sua intervenção —, é o reiterar de uma proposta já anteriormente
apresentada pelo CDS. Na verdade, o que me causa alguma perplexidade, que já tinha, aliás, expressado
anteriormente, em nome do Bloco de Esquerda, quando este assunto foi discutido, é os senhores acabarem por
procurar criminalizar uma situação de abandono dos idosos quando colocam a questão em termos de sistema
de justiça.
É muito interessante que a problemática dos idosos apareça aqui no contexto de uma intervenção sobre a
justiça. Quando muito, essa questão deveria aparecer com muito maior naturalidade, diria eu, no âmbito de uma
discussão sobre políticas sociais. Quando falamos de abandono, estamos a falar, por exemplo, de retração nas