I SÉRIE — NÚMERO 51
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Inscreveu-se, entretanto, a Sr.ª Deputada Inês Domingos, do PSD. Bem-haja, Sr.ª Deputada.
Tem a palavra para uma intervenção.
A Sr.ª Inês Domingos (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Hoje debatemos
aqui a transposição de uma diretiva sobre os mercados financeiros, que é fundamental por uma série de razões.
A saber, porque impõe regras mais estritas para proteger os pequenos investidores não qualificados de más
práticas nos mercados financeiros, reforça as regras para gerir os conflitos de interesses na remuneração das
pessoas que comercializam produtos financeiros, regula de forma mais eficaz as plataformas eletrónicas e
clarifica quais são os serviços acessórios que os clientes dos serviços financeiros estão efetivamente a pagar.
O que nos chega aqui, Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, sendo essencialmente bom, é praticamente da
inteira autoria das instituições europeias. Por isso é que a atitude do Sr. Secretário de Estado é um bocadinho
paradoxal. Na realidade, tenta passar esta lei como se fosse sua, quando, depois, não nos explica por que é
que o Governo deixou atrasar tanto a transposição, o que é verdadeiramente um problema.
Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, o problema da União Europeia está um bocadinho nisto: é que,
sistematicamente, quando a União Europeia cria legislação que é boa, positiva e favorável, tipicamente o
Governo português e alguma da frente de esquerda toma-a como se fosse sua e, quando as coisas não correm
tão bem, a culpa é sempre da União Europeia. Mas, enfim…!
Na realidade, o que aconteceu aqui e que é preocupante é esta transposição ter atrasado tanto. Repare que
o prazo para a transposição, que nós só hoje começamos a debater, era julho de 2017. O processo que nós
iniciamos hoje já deveria ter começado há um ano. E, enquanto o Governo foi deixando passar o prazo, a diretiva
entrou mesmo em vigor.
Isto é de lamentar porque é prejudicial tanto para os clientes dos serviços financeiros, que veem atrasados
os seus direitos acrescidos que constam desta diretiva, como para os próprios produtores e comercializadores
dos produtos financeiros, que vão demorar algum tempo a fazer as necessárias adaptações ao seu
funcionamento.
Também no que diz respeito aos trabalhos deste Parlamento, Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, o atraso na
apresentação desta iniciativa de transposição da Diretiva implica que acabaremos por ter menos tempo do que
aquilo que seria necessário para fazer um escrutínio aprofundado e válido desta proposta de legislação.
Tendo dito isto, agora que finalmente aqui chegámos, o PSD acredita que esta iniciativa é importante, como
já disse, e vai votá-la favoravelmente. Mas achamos que ainda é possível fazer melhorias em sede de
especialidade, sendo particularmente importante limitar a tentação de ir muito mais além da Diretiva, porque isso
poderia colocar os intermediários financeiros portugueses num prejuízo competitivo face aos outros.
Por isso, apesar de o tempo ser agora mais reduzido, esperamos que haja um debate construtivo nas
próximas semanas, para o qual o PSD irá contribuir, sem sombra de dúvida.
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Srs. Deputados, a Mesa não regista mais inscrições para este ponto.
Pausa.
Para uma intervenção, em nome do Bloco de Esquerda, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Mortágua.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: A proposta de lei que o Governo
apresenta sobre o mercado financeiro e a comercialização de produtos financeiros tem alguns aspetos positivos
e acho que não os devemos nem podemos negar.
De facto, há novas regras para a comercialização de produtos, cria-se a obrigatoriedade de um questionário
que aufira, de alguma forma, o risco do cliente, há novos deveres de informação na consultoria de investimento
ou na gestão discricionária de carteiras, há novos deveres de informação sobre o risco dos produtos financeiros,
novos poderes de reclamação, de supervisão e de sanção e mais transparência na comercialização. Tudo isto
vai no bom sentido e não vale a pena negar que são medidas positivas.