23 DE FEVEREIRO DE 2018
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Apesar de o Decreto-Lei n.º 34/2017 assumir os contratos de trabalho para a EPAL, a sua aplicação não
chegou a ser efetuada nesse ponto concreto, fazendo com que muitos trabalhadores estejam mais
desprotegidos, a exercer funções iguais às de outros colegas, por exemplo, sem o mesmo vencimento, existindo
diferenciação no pagamento de algumas remunerações, como o subsídio de alimentação e outros, e sem
acesso, na verdade, ao acordo de empresa, como era suposto e foi previsto na legislação.
O Bloco de Esquerda tem acompanhado a situação junto de organizações representativas dos trabalhadores
e já pressionou o Ministério do Trabalho com vista à resolução do problema, especificamente, por exemplo, dos
trabalhadores da ex-Águas do Oeste, onde mais de 20 estão ainda em situação de desigualdade perante os
trabalhadores da EPAL, verificando-se o incumprimento dos direitos laborais. Mas em todas as outras empresas
abrangidas encontramos, ainda hoje, situações de desigualdade e incumprimento, o que não é compreensível.
Ora, tendo em vista a reposição da justiça e pela aplicação de todos os direitos a todos os trabalhadores,
votaremos favoravelmente o presente projeto de lei.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Também para uma intervenção, pelo PSD, tem a palavra a Sr.ª
Deputada Susana Lamas.
A Sr.ª Susana Lamas (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Partido Comunista Português
tomou a iniciativa de apresentar o projeto de lei n.º 591/XIII (2.ª), que determina a aplicação do Acordo de
Empresa da EPAL a todos os trabalhadores das empresas criadas no âmbito do Decreto-Lei n.º 34/2017, de 24
de março.
Está aqui em causa a aplicação daquele Acordo, por via legal, às empresas do Grupo Águas de Portugal.
Convém referir que o Grupo Águas de Portugal é constituído por 12 empresas de diferente cariz, e estas
empresas, não obstante fazerem parte de um Grupo que tem um conjunto de políticas comuns e serviços
partilhados, têm, cada uma delas, o seu próprio contrato de concessão, a sua própria tarifa, bem como
regulações independentes.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Exatamente!
A Sr.ª Susana Lamas (PSD): — Estamos a falar de empresas que não são detidas a 100% pelo Estado, pois
parte substancial do seu capital, que é variável mas é, em regra, de 49%, pertence aos municípios.
De facto, a única empresa detida a 100% pelo Estado é a EPAL.
Sendo assim, Sr.as e Srs. Deputados, vai a Assembleia da República, através de lei, impor o acordo de
empresa da EPAL a estas empresas, desrespeitando o princípio constitucional da autonomia do poder local?!
Sim, Sr.as e Srs. Deputados, o que o Partido Comunista pretende é, através de uma lei, impor às administrações
destas empresas e aos municípios o acordo de empresa da EPAL, quando, de facto, as proximidades são
maiores entre todos os sistemas multimunicipais e de parcerias do que com o acordo de empresa da EPAL.
Mais, Srs. Deputados: quer o Partido Comunista Português fazer tábua rasa do processo negocial que está
em curso?! E coloco esta questão porque, na audição que decorreu na Comissão de Ambiente, no passado dia
21, terça-feira, ouvimos o Presidente do Grupo Águas de Portugal afirmar — e cito: «Temos sindicatos sentados
à mesa das negociações e esperamos que os próximos seis meses sejam muito importantes para que possamos
definir um acordo de empresa para aqueles que não estão abrangidos».
Então, o Partido Comunista pretende impor um acordo, sobrepondo-se às partes envolvidas nas
negociações?!
Vozes do PSD: — Bem lembrado!
A Sr.ª Susana Lamas (PSD): — Os Srs. Deputados do Partido Comunista querem desconsiderar os
sindicatos da UGT e da CGTP, que já se encontram sentados à mesa das negociações?! Querem VV. Ex.as
desrespeitar o princípio da livre negociação coletiva?!
Sr.as e Srs. Deputados, o PSD é e sempre foi sensível às questões laborais,…