23 DE FEVEREIRO DE 2018
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O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O PCP é solidário com os homens,
mulheres e crianças vítimas da guerra de agressão contra a República Árabe da Síria, exigindo o fim da hedionda
agressão que está na origem da morte, da destruição, do sofrimento que há sete anos são impostos àquele
país.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Por isso, rejeitamos a propaganda que visa branquear a agressão e os seus
responsáveis, assim como os reais objetivos de quem a faz, defende ou promove.
A questão que está colocada é a de saber quem está do lado da paz, da defesa da soberania dos Estados e
da solução política e pacífica dos conflitos, da defesa dos direitos e quem, reproduzindo a propaganda de guerra,
se coloca do lado das agressões, do desrespeito pela Carta das Nações Unidas e pela legalidade internacional,
da destruição de Estados soberanos, da ingerência, da morte e da destruição.
Depois de terem criado, financiado e armado o Daesh e outros grupos terroristas e levado a guerra à Síria,
os Estados Unidos da América e seus aliados, como Israel, a Turquia ou a França, procuram retomar agora,
pelas suas próprias mãos, o objetivo de divisão da Síria.
A operação mediática de propaganda de guerra não altera esta realidade. Títulos e textos de notícias
exatamente iguais em todo o mundo, reportagens e imagens chocantes, interpretadas com as mesmas legendas
e comentários, um dito observatório sediado em Londres a ser utilizado como fonte inquestionável sobre a
situação na Síria. Tudo semelhante ao que aconteceu com as inventadas armas de destruição massiva do Iraque
ou na preparação da agressão à Líbia.
Optando por reproduzir a propaganda de guerra dos Estados Unidos da América e dos seus aliados, o Bloco
de Esquerda apresenta um voto que poderia ter sido subscrito pelo próprio Donald Trump. Não estranha que o
façam, depois de terem branqueado e apoiado objetivamente a agressão à Líbia, com todo o seu rol de morte,
destruição e sofrimento.
A opção do PCP é exatamente a oposta. Dirigimos a nossa solidariedade e expressamos o nosso pesar às
vítimas da guerra de agressão à Síria, denunciamos os responsáveis e os objetivos da promoção da guerra e
da destruição deste país, aos quais o Bloco de Esquerda dá cobertura com o seu voto.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Neves.
O Sr. Paulo Neves (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Perante aquilo que se tem vivido nos
últimos anos na Síria, mas, em especial, nos últimos dias, nos arredores de Damasco, coloca-se a intrigante
pergunta: como é possível esta inaceitável impunidade?
Cometem-se crimes contra a Humanidade diariamente na Síria, feitos com o apoio ou com o silêncio de
grandes potências mundiais, as mesmas que controlam o Conselho de Segurança das Nações Unidas e que
vetam qualquer condenação a estes sistemáticos ataques a populações totalmente indefesas.
Este povo Sírio, absolutamente indefeso, olha para nós, a comunidade internacional, e não vê quase
nenhuma atitude prática de impedimento destes crimes e ouve pouco, muito pouco, para o seu próprio conforto.
Aquilo que ouve diariamente é o barulho das bombas e aquilo que vê são milhares de crianças inocentes, com
fome ou feridas e, mesmo, milhares mortas. Vê também muito mais: milhões de refugiados, cidades em pó e
meio milhão de mortos.
Uma pergunta temos nós próprios que colocar: que civilização é esta?! Então, com o passar dos anos,
estamos piores do que estávamos?! Cometem-se mais crimes no mundo?! Viola-se, como nunca, o direito
internacional?!
Vivem em total impunidade os criminosos deste mundo. Países com enormes responsabilidades cometem,
apoiam ou silenciam crimes contra a Humanidade, em vez de defenderem aqueles que mais precisam de
proteção.