I SÉRIE — NÚMERO 52
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O Sr. Presidente: — Continua no uso da palavra a Sr.ª Deputada Paula Santos.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, a questão que se coloca relativamente a esta
matéria é, de facto, a da necessidade de se tomarem medidas concretas para resolver estes problemas, porque
cada uma das questões que aqui trouxemos, cada um dos exemplos — poderíamos dar muitos mais — tem
impacto concreto na vida dos utentes que são servidos por aqueles hospitais. E a questão que coloco é no
sentido de saber que compromisso assume hoje o Governo para a resolução destes problemas.
O Sr. Ministro fez referência à abertura de processos negociais com várias estruturas sindicais, mas o que
constatamos hoje é que o compromisso assumido com os enfermeiros não foi cumprido: o pagamento da dívida
de trabalho extraordinário até dezembro de 2017, o início do processo negocial da sua carreira, o pagamento
do complemento para enfermeiro especialista já em janeiro deste ano. A questão que lhe deixo, Sr. Ministro, é
a seguinte: palavra dada não é palavra honrada?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro.
O Sr. Ministro da Saúde: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, é evidente que a palavra dada tem de ser honrada
e é evidente que quando nós, em circunstâncias pontuais e específicas, por razões de coordenação interna ou
outras, falhamos o prazo, temos de assumir politicamente essas consequências.
O que eu referi, Sr.ª Deputada, é que o Sr. Secretário de Estado da Saúde mantém o diálogo aberto quer
com os enfermeiros, quer com os médicos para que aquilo que foi comprometido seja rigorosamente cumprido,
e essa questão é para nós muito importante.
Relativamente às questões que colocou, embora estejamos hoje muito melhor no conjunto do País em termos
de espera e em termos de acesso, é evidente que não desvalorizamos os casos concretos de Aveiro, Setúbal
ou Torres Vedras, e a nossa preocupação será a de que, à medida que as vagas vão sendo abertas e que os
concursos vão sendo realizados, esses hospitais tenham preferência na abertura dessas mesmas vagas e, como
lhe disse também, que não sejam esquecidos nos processos de investimento e modernização, para que sejam
atrativos para os jovens médicos e para os enfermeiros que para lá queiram ir trabalhar.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem agora a palavra, para formular perguntas, a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, de
Os Verdes.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, julgo que já terá reparado que Os
Verdes dão uma grande relevância ao papel do médico de família.
Consideramos que a componente preventiva no sistema de saúde é determinante e que o Ministério da
Saúde tem também, evidentemente, um papel fulcral no que diz respeito a possibilitar e alargar essa componente
preventiva. É evidente que o tratamento tem também grande relevância, mas sabemos que uma aposta na
componente preventiva gera melhores resultados na própria componente de tratamento e evita, naturalmente,
muitas doenças e, portanto, necessidade de recorrer a outros serviços na área da saúde.
É por isso, Sr. Ministro, que desde o início da Legislatura questionamos o Governo relativamente a um
compromisso assumido de que todos os portugueses teriam médico de família. O Sr. Primeiro-Ministro, sem que
ninguém o questionasse sobre datas, assegurou aqui, nesta mesma Sala, que no final de 2017 todos os
portugueses teriam médico de família. Esse compromisso não foi assegurado. Estão, neste momento — se não
me falham os números —, cerca de 700 000 portugueses sem médico de família. Gostava que o Sr. Ministro me
assegurasse e assegurasse ao Parlamento se, até ao final da Legislatura, esse trabalho estará concluído,
porque ele é fundamental.
Esta foi uma questão que também colocámos recorrentemente ao Governo anterior, PSD/CDS, que tinha
assumido perante o País que, até ao final da Legislatura, todos os portugueses teriam médico de família. Os
Verdes, compreendendo que esse compromisso não seria assegurado, apresentaram, na Assembleia da