8 DE MARÇO DE 2018
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O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Não foi para esperar, sequer, da direita outra coisa qualquer construtiva.
Não! Sabemos que deles não temos nada a esperar a não ser precariedade, que é a forma de criação de trabalho
que quiseram impor na Administração Pública.
Esta interpelação serviu, e serve, para garantirmos que do lado daqueles que querem combater a
precariedade no Estado não há nenhum comboio a ficar para trás.
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Que grande gargalhada!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Queremos garantir que o processo em curso chegará a horas àqueles e
àquelas que dele, legitimamente, estão à espera. Por isso, a primeira questão que colocámos em cima da mesa
foi: porquê? Porquê, Srs. Ministros, tanto atraso? E porque é que, já havendo centenas de trabalhadores que
viram uma decisão positiva sobre o seu caso concreto, não está o Governo a responder a esse atraso abrindo,
desde já, os concursos que a lei prevê? Porquê?
Essa é a resposta que espero que o Sr. Ministro do Trabalho possa dar aqui, porque é essencial para dar
continuidade àquilo que a lei prevê.
Porque é que existem boicotes nas comissões de avaliação? E porque é que, existindo esses boicotes, às
vezes o Governo não sabe de que lado é que está. Isto porque nós sabemos — já o dissemos e vou lembrá-lo
novamente — que há uma maioria do lado dos sindicatos e dos membros do Governo nestas comissões de
avaliação. Por isso, se reconhecermos que há instituições, departamentos, entidades públicas em que os seus
dirigentes são coniventes no atropelo à lei, as comissões de avaliação existem para garantir que a lei é cumprida.
Então, porque é que isso às vezes não acontece?
Aplausos do BE.
Essa é a exigência que colocámos em cima da mesa.
O Sr. Ministro das Finanças falava há pouco em rigor e exigência. Ora, não aceitamos menos do que isso na
aplicação da lei: rigor e exigência.
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Entrada de leão, saída de sendeiro!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — É por isso que, tendo apregoado estes dois valores fundamentais, não
compreendemos como é o próprio Governo, através do Ministro das Finanças, que nos diz que as instituições
de ensino superior, afinal, podem ser um alçapão à lei.
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — E o que é que faz o Bloco?! Apoia o Governo!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Não podem! A lei diz, expressa e claramente, que as instituições de
ensino superior, de cariz fundacional ou não, estão obrigadas ao cumprimento da lei.
Mas, mais do isso, como é possível dizermos que estamos contra a precariedade e depois acompanharmos
argumentos como aquele que o Conselho de Reitores aqui nos apresentou e que já tornou público? Há reitores
que dizem — e cito, para que fique claro — que «a elevada rotatividade é uma virtude da universidade». Mas,
curiosamente, a eles não é aplicada essa elevada rotatividade! Alguma vez essa elevada rotatividade impediu
que tantos e tantos investigadores e docentes tivessem participação em diversas universidades, em diversos
centros de investigação? Nunca impediu!
É má vontade dos reitores querer negar a outros aquilo que eles têm: estabilidade no seu vínculo contratual.
Isso não aceitamos e com isso não pactuamos.
Aplausos do BE.
Um grupo parlamentar que se leve a sério faz aquilo que a Constituição manda fazer, ou seja, fiscalizar a
ação executiva, daí que tenhamos chamado aqui o Governo para, olhos nos olhos, frontalmente, dizermos que
ainda está a tempo de corrigir estes atrasos, de corrigir estes boicotes e de garantir que a lei é devidamente