I SÉRIE — NÚMERO 57
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A retoma do emprego é importante, mas é fundamental que seja com direitos. A criação de emprego com
direitos é uma exigência não só para a melhoria das condições de vida, mas também para o desenvolvimento
do País.
Crescimento económico não é sinónimo de mais justa distribuição da riqueza, sobretudo porque radica na
criação de emprego precário e com salários baixos. Se é evidente que o crescimento económico é o resultado
de opções e de medidas de recuperação de direitos e de rendimentos, uma mais justa distribuição da riqueza
exige uma aposta na valorização do trabalho e dos salários, designadamente do salário mínimo, do combate
efetivo à precariedade e à defesa da contratação coletiva.
Pode haver crescimento económico e até concentração da riqueza, mas isso pode não ter significado na
construção de um país mais justo, desenvolvido e soberano. Não há desenvolvimento do País sem defesa e
reforço dos direitos dos trabalhadores. Os direitos dos trabalhadores são, de facto, um pilar do regime
democrático.
Nós, PCP, estaremos na linha da frente deste combate, respondendo ao nosso compromisso com os
trabalhadores, e sabemos que podemos contar com a sua luta determinada e corajosa.
E porque hoje se assinala o Dia Internacional da Mulher — que nada mais é do que um dia para assinalar a
luta de todos os dias —, importa aqui dizer que, no combate à luta contra as discriminações e pela igualdade, é
preciso passar das palavras à prática, é preciso que a igualdade que existe na lei seja a igualdade que existe
na vida, porque estamos muito longe dessa realidade, é preciso e é urgente que resoluções aprovadas, por
iniciativa do PCP, em 2013 e em 2014 saiam do papel. Se é verdade que o anterior Governo do PSD e do CDS
nada fez para cumprir resoluções da Assembleia da República quanto à monitorização de discriminações e de
desigualdades, também este Governo ainda nada fez.
Por isso, desde logo é preciso cumprir a Resolução da Assembleia da República n.º 48/2013, que propõe a
elaboração de um relatório anual a apresentar à Assembleia da República que contenha, entre outras matérias,
o nível salarial auferido pelas mulheres na Administração Pública, central e local, bem como no setor empresarial
do Estado e no setor privado, as disparidades salariais, as discriminações salariais diretas e indiretas e também
a monitorização quanto ao volume de despedimentos e de encerramentos de empresas.
Srs. Deputados, se hoje assinalamos aqui o Dia Internacional da Mulher, este é um dia que fica marcado
para muitas mulheres deste País: para as operárias da Triumph ou para as operárias da Ricon, que vivem este
dia marcado pela incerteza quanto ao futuro, e a obrigação deste Parlamento, a obrigação do PCP, é cumprir
os seus requisitos, é garantir que a igualdade passa da lei para a vida, em que a construção de um mundo
melhor exige a revogação das normas gravosas do Código do Trabalho.
Nesta matéria, o PS tem de decidir se quer um consenso com os direitos dos trabalhadores ou se quer um
consenso com o PSD e com o CDS.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — É a vez do Grupo Parlamentar do PSD e está inscrita a Sr.ª Deputada Joana Barata
Lopes para uma intervenção.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Joana Barata Lopes (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Vivemos o tempo da rapidez
do digital e da voracidade do imediatismo. Esta voracidade e inovação constantes modelam as nossas vidas, a
vida de todas as gerações. Mas a cada nova geração deste País, esta inovação e voracidade já não requererão
adaptação, será a realidade que sempre conheceram.
Também no exercício político, há aqueles que se aprimoram em aproveitar o mediatismo do imediato. Ou
que vão mais longe: adaptam não só a comunicação, mas as próprias políticas. É a estratégia das «políticas do
cool», como se a responsabilização da ação política pudesse ser medida em likes ou visualizações.
Desenganem-se os que a praticam, os jovens que vivem a voracidade do digital têm toda a capacidade para
perceber para além dela. A nossa ação política não é, e não pode ser, uma InstaStory.
As novas gerações não precisam e não aceitam as decisões políticas como um concurso de popularidade
imediatista. Pelo contrário, o que nos exigem é que tenhamos a capacidade e a coragem de fazer escolhas, que
lhes permitam um país capaz de estar a par dessa voracidade e lhes dê as ferramentas para a acompanhar.