I SÉRIE — NÚMERO 63
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O Sr. João Galamba (PS): — Em 2015 tinham o mesmo e nós tínhamos 1,8%.
O Sr. Paulo Neves (PSD): — … o Chipre, a Hungria, a Finlândia, a Lituânia e a Eslováquia tiveram 4%, a
Holanda teve 3%, a Espanha teve 3%, a Alemanha teve 6% e Portugal teve 2,5%.
Pergunto aos Srs. Deputados do Partido Socialista: qual é o sentido de estarem constantemente a falar do
crescimento económico de Portugal em 2017 se não estamos a convergir com o resto da Europa, se
continuamos a estar no fim da cauda da União Europeia em termos de crescimento?
Outra questão tem a ver com a intervenção do Sr. Deputado Carlos Pereira, que falou dos jovens que estão
a regressar a Portugal. O Sr. Deputado esqueceu-se dos números, mas eu vou dar-lhos. Em 2016, que são os
últimos números conhecidos, sabe quantos portugueses abandonaram Portugal? Vou dizer: 100 000
portugueses. Sabe porque é que não foram mais? Devido ao Brexit, em Inglaterra, que afastou os portugueses,
e devido à crise em Angola. Portanto, não venham falar do abandono dos jovens no passado se neste momento
continuam a sair do País 100 000 jovens porque não encontram emprego em Portugal.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Ainda para formular pedidos de esclarecimentos, tem a palavra
a Sr.ª Deputada Ana Rita Bessa.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Porfírio Silva, como sabe, o Ministério da
Ciência aprovou, no Conselho de Ministros de 15 de fevereiro, um conjunto de medidas para aquilo que chamou
de uma estratégia de inovação para Portugal entre 2018 e 2030. E define, como objetivo para 2030, um
investimento em investigação e desenvolvimento de 3% do PIB, em que a despesa pública representará um
terço e a despesa privada dois terços. Significa passar de 1,3% do PIB em 2016 para 1,8% em 2020 e, depois,
para 3% em 2030.
Sabemos que, nos últimos anos, a taxa de investimento em investigação e desenvolvimento cresceu
particularmente mais no setor privado do que no público, cerca do dobro no setor privado do que no público. No
entanto, o também recente relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico)
continua a insistir que o problema está, por assim dizer, na mentalidade dos empresários. De resto, o Sr.
Primeiro-Ministro também já fez essa afirmação em 2015, dizendo: «O erro não está no investimento público
feito em ciência, o erro está na insuficiência do nosso tecido empresarial em aproveitar esse investimento».
Gostaria de contestar esta afirmação com base em dois exemplos que trago. O primeiro é o chamado ICF
(Inclusive Community Forum), que é um recém-criado centro de estudos sobre políticas de inclusão que, neste
ano, é dedicado à empregabilidade de pessoas com deficiência e que resulta da preocupação de um conjunto
de particulares que, dotados de um financiamento próprio, se dirigiram à Nova SBE (School of Business and
Economics) e conseguiram, pedindo, que a academia colaborasse com a investigação nestas matérias.
O segundo exemplo que trago sobre a iniciativa privada tem a ver com a Unbabel, de que há pouco tempo
tomámos conhecimento. É uma empresa tecnológica que faz traduções com base numa comunidade dispersa
pelo mundo e que recorrem ao INESC-ID (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Investigação
e Desenvolvimento), em Lisboa, porque foi lá que o sócio fundador começou a trabalhar.
Este sócio fundador constata que só consegue ter esta ligação porque trabalhou lá no início, porque, senão,
não há portas abertas das universidades para as empresas, as empresas não sabem como entrar no meio
universitário e os professores e os investigadores não têm qualquer incentivo para trabalhar fora desse meio.
Diz ele que, pelo contrário, as universidades estrangeiras — e deu o exemplo da Universidade de Montreal —
têm estado a aliciar a sua empresa para se constituir lá como um centro de investigação, mostrando uma postura
pró-ativa por parte das universidades.
O Sr. Deputado disse aqui — e já tem sido dito várias vezes — que o investimento público alavanca o
investimento privado nestas matéria, mas tendo em conta que o seu Governo foi aquele que investiu menos nos
últimos anos, que tem o investimento público mais baixo dos últimos 10 anos, pergunto-lhe se, para além de
iniciativas, dos Laboratórios Colaborativos e tudo o mais, não seria altura de, finalmente, executarem
investimento público, para que possa surgir o investimento privado associado.