23 DE MARÇO DE 2018
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Esta circunstância, Sr.as e Srs. Deputados, anuncia uma ameaça terrível para a própria dimensão dos fundos
de coesão comunitários que estão dispensados aos países de menores índices de desenvolvimento económico
e social da União Europeia.
Esta vertigem de criar um exército europeu de defesa para a Europa, de criar e de favorecer um complexo
militar industrial na Europa que será protagonizado essencialmente pela França e pela Alemanha serão fatores
que vão ainda desequilibrar mais a política do coesão territorial e social que o Governo anuncia para a próxima
década.
Gerir esta ameaça é algo que não está ainda claro por parte do Governo do Partido Socialista. Reclamamos
uma clarificação urgente para sabermos aquilo com que podemos contar e, sobretudo, para se saber quais são
as principais políticas que importa corrigir na próxima década para que esta ameaça não se concretize.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Antes de passar a palavra ao Sr. Deputado Porfírio Silva, queria
solicitar às Sr.as Deputadas e aos Srs. Deputados que o nível de ruido que se sente na Sala pudesse ser mais
baixo para que possamos ouvir devidamente não só o Sr. Deputado Porfírio Silva mas também as demais
intervenções.
Tem a palavra Sr. Deputado Porfírio Silva para uma intervenção.
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: No início de 2016, os serviços
da Comissão Europeia diziam sobre Portugal, no período que culminou em 2015, que a intensidade de I&D
(investigação e desenvolvimento) tinha vindo a decrescer nos anos mais recentes, afastando-se da média da
União Europeia (UE); que tínhamos um enquadramento deficiente à inovação no âmbito empresarial; que
estávamos a fazer menos do que o necessário pela cooperação entre o ensino superior e as empresas; e que
o desempenho em termos de inovação, permanecendo abaixo da média da UE, dificultava a transição para uma
economia baseada no conhecimento.
Esse era o fruto da teoria do Estado mínimo aplicada às políticas públicas para o conhecimento, com o
desinvestimento público a arrastar um ainda maior desinvestimento privado.
Aplausos do PS.
Mas 2016 foi um ano de viragem. A despesa em I&D, que tinha vindo a diminuir desde 2010, voltou a
aumentar em 2016; de 2015 para 2016, a despesa em I&D aumentou 5% mais que o aumento relativo do PIB;
aumentou o peso dos investigadores na população ativa; a contratação de investigadores pelas empresas
cresceu 6%. Os dados de 2017 deverão confirmar esta tendência. Podemos perguntar: porquê?
É que o investimento público puxa pelo investimento privado. E uma estratégia pública inteligente puxa pela
inteligência dos privados. Não se trata de estatizar a inovação, trata-se de perceber o que perceberam os países
mais desenvolvidos: esperar que do mercado surja espontaneamente a inovação é pura ilusão ideológica.
Aplausos do PS.
Para termos inovação precisamos de ter uma estratégia, precisamos de políticas públicas para o
conhecimento.
E é isso que está hoje a fazer a diferença. Enquanto o Governo anterior fez uma razia no tecido institucional
da ciência portuguesa, eliminando cerca de uma centena de unidades de investigação, este Governo aposta no
reforço e na diversificação das instituições.
Aplausos do PS.
Por exemplo, com o Programa de Modernização e Valorização dos Institutos Politécnicos, voltamos a apostar
nessa rede de enraizamento territorial do conhecimento, ligando ensino superior, investigação e atividades
sociais e económicas promotoras de coesão.