24 DE MARÇO DE 2018
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, tem, agora, a palavra a Sr.ª Deputada
Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo e, em particular, Sr.ª
Secretária de Estado: Na verdade, quando falamos de uma sociedade inclusiva e na necessidade de
trabalharmos para uma sociedade inclusiva, que é uma sociedade para todos, onde todos têm lugar e onde as
igualdades são promovidas, não podemos trabalhar neste sentido apenas baseados em princípios e em desejos,
que são certamente legítimos e muito importantes mas que têm de ser transformados em condições práticas
concretas para que essas condições sejam materializadas.
Ora, a este propósito, gostava de colocar uma questão à Sr.ª Secretária de Estado sobre o problema das
barreiras arquitetónicas. É que, na verdade, existem compromissos estabelecidos para o Estado, desde 2006,
com prazos concretos, de 10 anos, para que houvesse uma adaptação dos edifícios, das instalações, dos
equipamentos públicos, no sentido de gerar condições de acessibilidade para todos.
A verdade, Sr.ª Secretária de Estado, é que o Governo teve necessidade de lançar o Decreto-Lei n.º 125/2017
no pressuposto de que o Decreto-Lei de 2006 não era, de facto, cumprido. Portanto, o que é que o Governo veio
dizer? «Continuamos com o mesmo desejo e com o mesmo princípio através do Decreto-Lei de 2017». E eu
pergunto: que condições práticas se estão a materializar para que essa adaptação dos edifícios públicos, dos
equipamentos públicos, das instalações públicas, das vias públicas seja efetivamente realizada no sentido de
haver acessibilidade para todos?
Sr.ª Secretária de Estado, já aqui foi referido um caso muito concreto, o do posto da GNR de Amarante, mas
há muitos outros, são inúmeros os edifícios públicos que ainda não estão adaptados. Podemos falar, por
exemplo, do Centro de Saúde Fernão de Magalhães, em Coimbra, podemos falar do tribunal de São Pedro do
Sul, podemos falar, ao nível dos transportes, do Metro de Lisboa, que tem constantemente elevadores avariados.
Portanto, Sr.ª Secretária de Estado, há um conjunto imenso de edifícios públicos onde não se vislumbra ainda
capacidade para a sua adaptação no sentido de gerar acessibilidade para todos.
Assim, aquilo que Os Verdes consideram fundamental é trabalharmos com organização e para isso é preciso
tornar público o levantamento dos edifícios públicos que ainda não estão adaptados. Mas, mais do que fazer
esse levantamento, é preciso gerar um plano para que essa adaptação seja realizada, conjuntamente com uma
perspetiva de investimento, para todos os portugueses conseguirem perceber qual é a dimensão da intervenção
que ainda tem de ser feita, do investimento que tem de ser realizado e em que prazo é que, ao nível da
eliminação das barreiras arquitetónicas, este País se torna, de facto, num País verdadeiramente inclusivo.
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Muito bem!
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, de novo, o Governo, através da Sr.ª Secretária
de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes.
A Sr.ª Secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs.
Deputados: Vou retomar do ponto onde parei há pouco.
Vamos falar de números e de prazos. Como vos disse há pouco, cumprimos o objetivo de ter a prestação
social para a inclusão disponível para ser requerida e paga em outubro de 2017. Priorizámos o pagamento às
pessoas com maior grau de incapacidade, ou seja, com 80% ou mais de incapacidade, e fizemo-lo com grande
esforço dos serviços, uma vez que apenas recentemente conseguimos que ficasse pronta a aplicação que
permite fazer esse mesmo pagamento, que é composta por quatro módulos: requerimento, análise, deferimento
e processamento. Assim, tivemos os serviços a fazer pagamentos manualmente para que o nosso compromisso
pudesse ser cumprido.
No passado mês de fevereiro, tivemos o módulo «deferimento» concluído e pudemos, então, começar a
deferir a todo o universo de pessoas. Falamos num universo global de 26 000 pessoas, num total de 15 000
requerimentos que já estão analisados, deferidos ou em pagamento.
Fizemos questão, como é nossa obrigação, de avisar as pessoas cujos deferimentos começaram a ser em
maior volume a partir do mês de fevereiro de que, não obstante estarem a receber a sua notificação de
deferimento, tivessem atenção porque o pagamento só poderia ser concretizado no próximo dia 10 de maio —