24 DE MARÇO DE 2018
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Só a existência de uma estratégia integrada, global e coerente das políticas públicas na área da
toxicodependência, alcoolismo e outras dependências e de uma entidade responsável pela coordenação e
execução dessas políticas permite responder, de forma cabal, nos domínios da prevenção, dissuasão, redução
de riscos e minimização de danos, do tratamento e da reinserção social.
Sabendo da necessidade de recuperar essa estratégia, assim como da entidade destruída por PSD/CDS,
algo que o Governo PS tarda em fazer, o PCP traz hoje a debate uma proposta que visa o reforço da capacidade
das respostas públicas na área da toxicodependência, alcoolismo e outras dependências.
A proposta contempla a criação, no plano da Administração Pública, de uma entidade que tenha como missão
a coordenação, o planeamento, a investigação e a intervenção no combate à toxicodependência, ao alcoolismo
e a outras dependências e contempla ainda a contratação de profissionais, o apoio aos utentes nas deslocações
para os tratamentos e a requalificação das infraestruturas onde funcionam os centros de respostas integradas
(CRI) e as equipas de tratamento.
Conscientes de que a criação desta entidade não se faz de um dia para o outro, propomos que, enquanto
ela não estiver em pleno funcionamento, o Governo mantenha o atual estatuto de autonomia dos centros de
respostas integradas, das unidades de desabituação e das unidades de alcoologia e que mantenha as equipas
de profissionais de saúde das estruturas na área da toxicodependência e alcoolismo dedicadas exclusivamente
à intervenção neste âmbito e reforce as equipas de rua.
Estas são propostas que combatem a fragmentação da resposta e reforçam a estratégia integrada e global,
assim como os direitos dos utentes e dos profissionais.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Decorridos seis anos desde a decisão de PSD e CDS extinguirem o IDT
(Instituto da Droga e da Toxicodependência), as consequências na resposta pública estão bem à vista:
fragmentação da resposta; equipas reduzidas devido à saída de profissionais sem que se proceda à sua
substituição, impossibilitando o acompanhamento dos utentes de forma adequada e próxima; aumento das listas
de espera.
Estas são as consequências da política de direita. É com essa política que é preciso romper. É preciso criar
a entidade nacional responsável por todas as vertentes de intervenção e pelo planeamento, investigação,
definição das linhas estratégicas e operacionalização no terreno. É preciso dotá-la de recursos humanos,
técnicos e financeiros. Só assim se pode garantir uma resposta pública eficaz e coerente nesta área.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para apresentar as suas iniciativas, tem a palavra o Sr. Deputado André
Silva.
O Sr. André Silva (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A problemática dos comportamentos
aditivos e dependências necessita ser tratada por uma estrutura eficiente e eficaz, dotada de profissionais
qualificados e experientes, facto que foi conseguido com a criação do Instituto da Droga e da
Toxicodependência.
Em 2012, este Instituto foi extinto como consequência da criação do Serviço de Intervenção nos
Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), tendo gerado este novo modelo inúmeras críticas de
profissionais que trabalham nesta área, nomeadamente de que o processo de integração nas cinco
administrações regionais de saúde deu origem a uma fragmentação do modelo de intervenção, assistindo-se,
hoje, a assimetrias regionais na prestação de cuidados aos doentes pela falta de um serviço nacional e vertical,
tendo deixado de existir um padrão assistencial comum, uniforme e consistente. Assiste-se, hoje, nesta área, a
uma situação de ingovernabilidade, esperando-se da tutela toda a atenção e intervenção.
Assim, para garantir a existência de uma resposta pública especializada, propomos que a intervenção em
comportamentos aditivos esteja, novamente, a cargo de uma única entidade responsável pelo desenvolvimento
e implementação de uma estratégia integrada de combate à droga e à toxicodependência.
Gostaríamos, ainda, de destacar o importante papel desenvolvido no âmbito dos projetos de redução de
riscos e minimização de danos pelas equipas de proximidade, as quais veem o seu financiamento assegurado,
apenas em 80% pelo SICAD, numa lógica de projetos que têm carácter anual ou plurianual, pelo que a
renovação do seu financiamento depende da submissão de novas candidaturas, facto este que compromete a